CONFLITO

Primeiro-ministro sírio escapa de atentado em Damasco

Este foi o o primeiro ataque na Síria contra uma autoridade de alto escalão desde julho de 2012

France Press
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29/04/2013 às 21:10.
Atualizado em 25/04/2022 às 18:15

Carro do primeiro-ministro sírio Wael al-Halaqi ficou destruído após atentado (France Press)

O primeiro-ministro sírio, Wael al-Halaqi, escapou ileso nesta segunda-feira (29) de um atentado em Damasco, o primeiro contra uma autoridade de alto escalão desde julho de 2012, quando quatro altos funcionários do regime do presidente Bashar al-Assad foram assassinados.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, fez um novo apelo às autoridades sírias para que autorizem uma equipe de especialistas da ONU a investigar no terreno, "sem prazos e sem condições", o uso de armas químicas no conflito sírio.

Contudo, a Rússia advertiu para a possível repetição do cenário iraquiano na Síria, com a utilização do argumento de busca de armas de destruição em massa como pretexto para derrubar o presidente Assad.

O primeiro-ministro Al-Halaqi, nomeado no dia 9 de agosto de 2012 para o lugar de Riad Hijab, que abandonou o regime em protesto pela repressão à rebelião, escapou do atentado em Damasco que deixou seis mortos, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos(OSDH).

Uma carga explosiva foi ativada por controle remoto durante a passagem do comboio de automóveis no bairro de Mazzé, situado no centro-leste da capital síria e onde estão localizados diversas embaixadas, edifícios governamentais e a sede do serviço secreto.

Um fotógrafo da AFP observou no local do atentado vários veículos queimados, entre eles um ônibus, e vários automóveis estacionados com as janelas quebradas. Os serviços de segurança isolaram a região.

O chefe de Governo, citado pelo canal Al-Ikhbariya, declarou que o atentado "é uma prova do desânimo e desespero dos grupos terroristas diante dos êxitos do Exército sírio" no conflito.

O regime chama os rebeldes de "terroristas".

Já na região de Deraa (sul), um ataque da aviação contra a cidade natal do primeiro-ministro, Jassem, deixou onze pessoas mortas, incluindo oito insurgentes.

Combates nos arredores do aeroporto de Damasco

Segundo o OSDH, que se baseia em uma ampla rede de militantes, médicos e advogados em toda a Síria, foram registrados combates entre soldados e rebeldes nas proximidades do aeroporto internacional de Damasco, localizado 27 km a sudeste da capital, o que provocou a paralisação do tráfego aéreo.

De acordo com uma fonte da segurança, por volta das 06h30 (00h30 de Brasília) combates entre um pequeno grupo armado e as forças de segurança bloquearam por uma hora a auro-estrada que leva ao aeroporto.

O jornal Al-Watan, ligado ao regime, mencionou uma "batalha pelos aeroportos em Aleppo", a metrópole do norte, com a mobilização de "milhares de combatentes."

"Mas os serviços competentes foram capazes de responder aos ataques repetidos", indicou o diário.

De acordo com um registro preliminar do OSDH, ao menos 41 pessoas morreram em meio à violência nesta segunda-feira.

Enquanto o debate sobre a utilização por parte do regime de armas químicas contra a população agita os ocidentais, o secretário-geral da ONU Ban Ki-moon fez um novo apelo às autoridades sírias para que autorizem uma equipe de especialistas da ONU a investigar no terreno.

Esta equipe "segue disposta a se deslocar para a Síria em um prazo de 24 a 48 horas", assim que Damasco der sua autorização, repetiu Ban. "Peço outra vez encarecidamente que as autoridades sírias autorizem a investigação sem prazo e sem condições".

Ban considera que "uma investigação completa e crível exige um acesso completo às instalações" suspeitas para "dissipar todas as dúvidas acerca do caso".

Mas o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, questionou este apelo lançado por Ban.

"Este pedido do secretário-geral em referência a um evento, lembra-nos das tentativas de repetir na Síria uma prática análoga à utilizada no Iraque, quando buscas por armas de destruição em massa foram realizadas", declarou o ministro russo. A Rússia é um dos últimos aliados do regime em Damasco.

O argumento dos Estados Unidos em relação à presença de armas de destruição em massa no Iraque foi usado para justificar a invasão deste país em março de 2003, que levou à derrubada de Saddam Hussein. Este argumento se revelou falso posteriormente.

Enquanto os políticos republicanos pedem uma ação americana na Síria, uma autoridade dos Estados Unidos indicou, confirmando uma informação do Wall Street Journal, que Damasco tinha reforçado seus sistemas de defesa antiaérea, principalmente graças ao apoio técnico da Rússia, o que representa uma ameaça para a aviação americana.

A agência de notícias russa Interfax, citando uma fonte em Moscou, indicou que homens não identificados tinham disparado dois mísseis terra-ar contra um avião civil russo que sobrevoava a Síria com cerca de 200 passageiros a bordo na segunda-feira de manhã.

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