Pastor

Presidente turco adverte Washington contra sanções

Recep Tayyip Erdogan, advertiu os Estados Unidos que sanções não poderiam forçar Ancara a "recuar" após as ameaças do presidente Donald Trump

AFP
29/07/2018 às 10:59.
Atualizado em 23/04/2022 às 08:09
Presidente turco havia avisado que os EUA não conseguiriam o resultado esperado ameaçando a Turquia (Divulgação)

Presidente turco havia avisado que os EUA não conseguiriam o resultado esperado ameaçando a Turquia (Divulgação)

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, advertiu os Estados Unidos que sanções não poderiam forçar Ancara a "recuar" após as ameaças do presidente Donald Trump pela libertação de um pastor americano. "Vocês não podem forçar a Turquia a recuar com sanções", disse Erdogan, citado neste domingo pelo jornal Hurriyet, em seus primeiros comentários diretos desde as ameaças feitas por Trump na quinta-feira. "Os Estados Unidos não devem esquecer que podem perder um parceiro forte e sincero como a Turquia se não mudarem de atitude", disse o presidente turco, cujo país é membro da Otan. "Mudar de atitude é o problema de Trump, não meu", acrescentou ele, comparando as ameaças americanas a uma "guerra psicológica". A prisão do pastor Andrew Brunson, que dirigia uma igreja protestante em Esmirna, é uma das muitas questões que atormentam as relações entre Ancara e Washington, e a ameaça de sanções aumentou a tensão. Já na quinta-feira, a presidência turca havia alertado que Washington "não alcançaria o resultado desejado ameaçando a Turquia". Na quarta-feira, um tribunal turco ordenou a prisão domiciliar do pastor americano, que está sendo julgado por terrorismo e espionagem. Brunson, cujo caso aumentou a tensão nas relações entre Ancara e Washington, está preso desde outubro de 2016 e um tribunal de Esmirna (oeste da Turquia) havia ordenado sua permanência em prisão preventiva durante a última audiência do julgamento, na semana passada.O réu, que dirigia uma pequena igreja protestante em Esmirna, pode ser sentenciado a 35 anos de prisão. Seu processo foi aberto em 16 de abril. As autoridades turcas o acusam de agir em nome da rede do pregador Fetullah Gülen, a quem Ancara acusa de ser o mentor do golpe fracassado de julho de 2016, mas também em nome do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK). Essas duas organizações são consideradas terroristas pela Turquia. Na quinta-feira, Trump exigiu que a Turquia liberte imediatamente o pastor, alertando que está pronto para impor "grandes sanções" contra Ancara. "Os Estados Unidos vão impor grandes sanções contra a Turquia pela longa detenção do pastor Andrew Brunson, um cristão formidável, homem de família e maravilhoso ser humano. Ele está sofrendo muito. Este inocente homem de fé deve ser libertado imediatamente!", escreveu o presidente americano no Twitter. Na sexta-feira, o Washington Post noticiou o fracasso de um acordo entre Ancara e Washington para a libertação de uma turca presa em Israel em troca de Brunson. Ebru Ozkan, de 27 anos, retornou à Turquia em 16 de julho, depois de mais de um mês de detenção em Israel, sob a acusação de ajudar uma organização "terrorista". De acordo com Hurriyet, Erdogan disse a repórteres em sua recente viagem à África do Sul que a Turquia "nunca fez do pastor Brunson uma moeda de barganha", indicando, no entanto, que Ancara havia procurado a ajuda de Washington para garantir o retorno de Ozkan ao seu país. Em setembro, Erdogan havia evocado a ideia de trocar o pastor Brunson contra o clérigo Gülen, uma hipótese varrida por Washington.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por