Em um comunicado, governo afirma que "a declaração das Forças Armadas não foi submetida ao presidente"
A presidência do Egito rejeitou na madrugada desta terça-feira (2) o ultimato do Exército ao chefe de Estado islâmico, Mohamed Mursi, para que "as exigências do povo sejam atendidas no prazo de 48 horas, como última oportunidade para assumir a responsabilidade pelas históricas circunstâncias que o país está vivendo".
Em um comunicado, a presidência afirma que "a declaração das Forças Armadas não foi submetida ao presidente" antes de sua divulgação e que traz "sinais que podem causar confusão", antes de reafirmar a determinação do governo "em prosseguir no caminho que escolheu visando à reconciliação nacional".
Denunciando "qualquer declaração que aprofunde a divisão" em um país já muito dividido e que "possa ameaçar a paz social", o texto destaca que Mursi "prossegue suas consultas com todas as forças nacionais a fim de garantir o caminho da mudança democrática e da proteção da vontade popular".
"O Estado democrático egípcio civil é uma das mais importantes realizações da revolução de 25 de janeiro" de 2011 que acabou com o regime do presidente Hosni Mubarak e o "Egito não permitirá, absolutamente, uma volta ao passado", afirma a nota do governo.
As Forças Armadas reafirmaram nesta segunda-feira o "pedido para que as exigências do povo sejam atendidas" e deram a todas as partes "48 horas como última oportunidade para assumir a responsabilidade pelas históricas circunstâncias que o país está vivendo".
A divulgação do comunicado causou uma explosão de alegria entre os manifestantes que exigem a renúncia do presidente na Praça Tahrir, no Cairo.
"Mursi não é mais nosso presidente, Sissi está conosco", gritavam os manifestantes, referindo-se ao general Abdel Fattah al-Sissi, chefe do Exército e ministro da Defesa.
Logo depois da divulgação do comunicado, o movimento de oposição Tamarrod (rebelião em árabe), que organizou as manifestações de domingo, também elogiou a decisão do Exército que está, segundo ele, "ao lado do povo".
O comunicado do Exército significa que "haverá eleições antecipadas", considerou Mahmoud Badr, porta-voz do Tamarrod, que afirma ter recolhido 22 milhões de assinaturas para exigir novas eleições.