INCÊNDIOS

Portugal prende 3 suspeitos e ainda luta contra 79 incêndios ativos

As autoridades proibiram o uso de equipamentos agrícolas pesados para reduzir o risco de iniciar um incêndio acidentalmente

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19/09/2024 às 13:38.
Atualizado em 19/09/2024 às 13:39
 (Carlos García)

(Carlos García)

Na manhã desta quarta-feira (19) ainda haviam 79 incêndios ativos em Portugal, sendo que nove deles causavam maior preocupação nas regiões Centro e Norte do país, segundo o jornal RFI.

A polícia continua investigando as origens dos incêndios, após ter detido um homem de 67 anos, acusado de iniciar o fogo que deflagrou em Paus, Albergaria-a-Velha, no último domingo. Este mesmo homem também é suspeito de ter provocado outros três incêndios em julho, segundo o veículo.

Outro homem, de 48 anos, também foi preso, sendo apontado como o autor de quatro incêndios desde maio, de acordo com o RFI.

"Não pouparemos esforços em ações repressivas. Não podemos perdoar aqueles que são imperdoáveis", declarou o primeiro-ministro, que solicitou ao Ministério Público a criação de uma equipe de investigação para apurar incêndios criminosos.

"Estamos bem cientes de que essas horas difíceis ainda não terminaram", disse Montenegro à nação em um discurso televisionado. "Temos que continuar a dar tudo o que temos e pedir ajuda aos nossos parceiros e amigos para reforçarmos a proteção do nosso povo e das nossas propriedades."O serviço de satélites europeu Copernicus disse que mais de 15 mil hectares foram queimados e 13 quilômetros de frente de fogo foram detectados até a noite de terça-feira. O serviço acrescentou que uma área com cerca de 210 mil pessoas estava exposta ao risco de incêndio.

As condições quentes e secas que provocaram os incêndios em Portugal coincidiram com enchentes na Europa Central. A União Europeia disse na quarta-feira que os fenômenos climáticos extremos justapostos são prova de um "colapso climático".

Ajuda

A Espanha enviou 240 soldados e veículos de seus batalhões de resposta emergencial, especializados em combate a incêndios, para ajudar seu vizinho. Quatro aviões de combate a incêndios da França, dois da Espanha e dois da Itália foram mobilizados após atender a um pedido de ajuda de Portugal.

Marrocos também respondeu ao pedido com dois aviões de combate a incêndios que chegaram na quarta-feira. "A densa fumaça produzida pela maioria desses incêndios está dificultando muito a operação das unidades aéreas", disse o oficial da Proteção Civil, André Fernandes. "Ainda estamos em alto risco de incêndios florestais nas próximas 48 horas."

Fumaça cinza espessa e o cheiro de madeira queimada alcançaram cerca de 85 quilômetros além da fronteira, no noroeste da Espanha. Montenegro fez um apelo especial para que as forças de segurança persigam tanto incendiários quanto indivíduos que iniciaram incêndios por negligência.

Prisões

A polícia nacional portuguesa informou que prendeu sete homens suspeitos de iniciar incêndios nos últimos dias. As autoridades proibiram o uso de equipamentos agrícolas pesados para reduzir o risco de iniciar um incêndio acidentalmente. Entre as áreas mais afetadas está o distrito de Aveiro, ao sul da cidade de Porto, mas vários grandes incêndios também estavam fora de controle em outras áreas florestais.

As autoridades ainda não divulgaram números sobre os danos materiais ou o número de deslocados, mas a emissora estatal portuguesa RTP mostrou casas queimadas em vilarejos rurais e moradores locais tentando combater as chamas com baldes de água, mangueiras e até galhos de árvores grandes. Outras imagens televisionadas mostraram a visibilidade reduzida a poucos metros enquanto fumaça laranja envolvia o terreno.

Três bombeiros morreram na terça-feira em seu veículo, enquanto outro sucumbiu a uma "doença súbita" enquanto estava de serviço no fim de semana. Três civis também morreram, segundo autoridades de proteção civil. Serviços de saúde atenderam 10 pessoas gravemente feridas e outras 49 com ferimentos leves, disse Fernandes.

Já foram queimados mais de 139 mil hectares, 130 feridos e sete mortos. No Brasil, de julho até setembro, foram queimados 6,91 milhões de hectares.

A nuvem de fumaça gerada por estes incêndios chegou à Galiza (na Espanha) e as autoridades locais avisaram a população que este fenómeno causa a saturação do ar. Já o território português, Norte e parte do centro do país estão sob uma nuvem pesada de dióxido de carbono, dióxido de enxofre e dióxido de nitrogênio. 

Portugal foi devastado em 2017 por grandes incêndios que mataram mais de 120 pessoas. Especialistas ligam os incêndios tanto às mudanças climáticas quanto ao abandono de profissões tradicionais de agricultura e silvicultura que ajudavam a manter as áreas rurais livres de vegetação rasteira, que agora serve de combustível para os incêndios.

*Com trechos do Estadão Conteúdos e agências internacionais de notícias. 

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