Bombeiros e socorristas continuavam trabalhando nesta quarta (13) no caótico cenário do acidente, ocorrido na terça (12), que pode ter sido causado por excesso de velocidade
As equipes de busca especializada encontraram a caixa-preta do trem da rede Amtrak que descarrilou na noite de terça-feira (12) na Filadélfia (France Press)
As equipes de busca especializada encontraram a caixa-preta do trem da rede Amtrak que descarrilou na noite de terça-feira (12) na Filadélfia, leste dos EUA, e já começaram as análises para descobrir as causas do acidente que deixou pelo menos sete mortos.Bombeiros e socorristas continuavam trabalhando nesta quarta no caótico cenário do acidente, que pode ter sido causado por excesso de velocidade."Sete pessoas morreram à noite", anunciou o prefeito da Filadélfia, Michael Nutter, em entrevista coletiva nesta quarta à tarde."Somos vítimas de uma tragédia", o pior desse tipo em 50 anos, desabafou o prefeito.Nutter advertiu que o número de mortos pode aumentar nas próximas horas, com o avanço dos trabalhos de resgate e das buscas por vítimas entre os destroços da composição.Mais de 140 pessoas ficaram feridas no incidente, segundo o canal NBC.A caixa-preta do trem está "no centro de operações de Amtrak, em Delaware, para sua análise", disse Nutter.O trem 188 da companhia Amtrak, que havia partido de Washington às 19h10 locais (20h10 de Brasília) e deveria chegar a Nova York às 22h34 (23h34), transportava 243 pessoas, incluindo cinco funcionários da empresa ferroviária.Os bombeiros usaram ferramentas hidráulicas para retirar os passageiros dos vagões, que ficaram muito danificados no acidente.Robert Sumwalt, da Agência Nacional de Segurança nos Transportes (NTSB, sigla em inglês), declarou à imprensa que equipes de resgate seguem "revistando cuidadosamente os vagões virados para ver se não há mais ninguém" preso sob as ferragens. Maquinista tentou pararOs investigadores informaram hoje que o condutor do trem tentou uma freada desesperada, mas não conseguiu reduzir a velocidade a tempo de evitar a tragédia. O trem circulava a mais de 100 milhas por horas (mais de 160 km/h) antes de descarrilar em uma curva.Segundo o prefeito Nutter, o maquinista já deu seu depoimento à polícia."Mais medições estão sendo realizadas", declarou a NTSB em sua conta no Twitter.Antes do descarrilamento, o condutor recorreu a uma "aplicação de freagem completa de emergência", reduzindo a velocidade em apenas alguns quilômetros por hora, explicou Robert Sumwalt aos jornalistas.De acordo com Sumwalt, o trem teria se aproximado da curva a uma velocidade de pelo menos 170 km/h. Com o freio de urgência, essa velocidade teria caído para perto de 164 km/h, ainda o dobro do permitido no trecho."São necessários um tempo e uma distância maiores para desacelerar um trem", lembrou Sumwalt.O sistema de controle de velocidade instalado pela Amtrak no corredor Washington-Nova York ainda não foi implementado nesse trecho da via em particular."Sentimos que, se esse sistema tivesse sido instalado nesse trecho das vias, o acidente não teria acontecido", sugeriu.As primeiras estimativas da agência são que os peritos devem trabalhar por pelo menos durante uma semana no local da tragédia.Esse acidente foi no mesmo setor marcado por uma das mais graves catástrofes ferroviárias nos Estados Unidos. Em 1943, um trem descarrilou na mesma curva e deixou 79 mortos e 117 feridos. A causa foi uma falha mecânica. Vagões destruídos e tráfego interrompidoO descarrilamento desta terça aconteceu em um bairro pobre no norte da Filadélfia, onde casas em situação precária se espalham entre as fábricas ao longo da via.O médico-chefe do Temple University Hospital da Filadélfia, Herbert Cushing, disse que, nesse centro, 23 pessoas estavam sendo atendidas nesta tarde. Oito delas se encontram em estado crítico, mas devem sobreviver - afirmou Cushing.Entre os feridos, há " pessoas estrangeiras", provenientes de países como Espanha, Bélgica, Alemanha, Índia e Albânia.Iwina Washington, de 27 anos, estava na varanda de casa na hora do acidente. Ela não ouviu qualquer barulho, mas viu clarões iluminando a noite. Disse que, ao se aproximar do local, o cenário era o de um filme de terror."Havia pessoas que saíam [dos vagões destruídos] como loucos, com os rostos cobertos de sangue e desorientados", contou à AFP.Max Helfman, de 19, que viajava ao lado da mãe no último vagão, afirmou que sentiu um choque antes do descarrilamento."As pessoas foram jogadas no chão", disse o jovem ao jornal "Philadelphia Inquirer"."Os bancos saíram do lugar, as malas caíram sobre os passageiros. Minha mãe voou e tive que segurá-la. As pessoas sangravam. Foi horrível", completou.Outro passageiro, Jeremy Wladis, de 51, contou ao mesmo jornal que "telefones, computadores, tudo voava" e que "algumas mulheres foram projetadas para a grade das bagagens".O presidente Barack Obama lamentou a "tragédia" e, em nota, destacou o trabalho dos bombeiros, socorristas, médicos e policiais "que trabalham sem descanso para salvar vidas"."De Washington à Filadélfia, passando por Nova York e Boston, é uma tragédia que toca a todos", completou o presidente.A Amtrak liga quase 500 cidades nos Estados Unidos e no Canadá.