Parto natural, alternativa incentivada pelo Ministério da Saúde. é realizado na Maternidade de Campinas (Leandro Ferreira/AAN)
Dos partos realizados nos serviços públicos de Saúde do Brasil em 2017, a maioria foi por vias naturais: 58,1%, contra 41,9% de cesarianas. Com o objetivo de aumentar essa diferença em favor do parto normal e evitar partos cirúrgicos desnecessários, o Ministério da Saúde criou um sistema de monitoramento on-line para acompanhar a quantidade de cesáreas nos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS). Ele poderá ser acompanhado por gestores e usuárias do SUS e pelo site da Secretaria de Vigilância em Saúde. A novidade foi lançada em março deste ano. Segundo a ginecologista e obstetra Mariana Simões, para a maioria das gestantes, quanto mais próximo o nascimento dos filhos, maior é a dúvida. “O que todos sabem é que, hoje, o Brasil é o país com os maiores índices de cesáreas do mundo. Seja por indicação médica ou escolha própria, muitas mães optam por ter controle sobre a data do nascimento, principalmente no começo de ano, períodos de muitas viagens”, explica. No entanto, embora a cesárea seja muito realizada no País, ainda assim a especialista destaca que o parto normal é sempre a escolha mais “natural” e saudável para o bebê, pois respeita o tempo fisiológico de ambos. “Quando uma mulher entra em trabalho de parto, é porque, finalmente, o bebê está pronto e, além disso, ele quer vir à vida. Nesse momento, o corpo da mãe também se prepara para a chegada”, afirma a médica. Ainda segundo ela, para as mães que escolheram o parto normal não há com o que se preocupar. “Precisamos respeitar o tempo dos bebês, quando estiverem prontos para o parto”, defende. A especialista explica também que o parto humanizado é cada vez mais desejado pelas mães. Tendo como base o parto “normal”, o parto chamado humanizado vai além, de acordo com ela. “Ele respeita a mulher e suas escolhas conscientes para o nascimento. É ‘humano’, em seu termo mais literal. Em seu conceito, a mãe tem liberdade para optar pela forma como dará à luz, sempre dentro do que a saúde dela e do bebê permitem. Mas, precisa ser na água? Nada disso. Embora seja uma escolha comum entre as mães, a liberdade permite qualquer posição, desde agachada, até deitada, ou, sim, na banheira, se ela quiser”, disse. Mariana destaca ainda que a função da doula no centro cirúrgico é apenas assistir e dar suporte ao surgirem quaisquer necessidades, dando apoio físico e emocional para a mulher em trabalho de parto. As intervenções médicas, como anestesia, por exemplo, também ficam a critério da mãe. “Como médica, o valor da vida está acima de todas as coisas, e, por isso mesmo, sou grande incentivadora do parto humanizado, quando essa é uma escolha da mãe. Há algo particularmente lindo em deixar a vida fluir, como deve ser. E não há por que ter medo, a mulher veio pronta para dar à luz, e seu corpo tem preparo para as condições da maternidade”, explica a obstetra. “Sem cortes, o parto humanizado não só é mais confortável para a mãe e o bebê, como garante uma recuperação muito mais rápida. Depois de dar à luz, a mulher não precisa esperar os efeitos dos remédios pararem de agir, e nem tem que se preocupar com as cicatrizes de uma cesárea, por exemplo”, complementa. A profissional, que já está há mais de 10 anos na profissão, finaliza lembrando a importância do nascimento, e que o item primordial é que a mulher se sinta segura e confortável. “Acima de tudo, a mãe deve estar segura de suas escolhas e ter conforto, para que, naquelas horas, sua atenção e dedicação esteja voltada única e exclusivamente ao bebê. É pra ser um momento especial, e, do resto, o que precisar nós profissionais, estaremos ao lado para ajudar da melhor forma”, finaliza.