INTERNACIONAL

Papa visita Romênia para reforçar diálogo com ortodoxos

O Papa Francisco foi calorosamente recebido nesta sexta-feira (31) na Romênia ortodoxa no começo de uma visita de três dias destinada a estabelecer o diálogo entre religiões e apoiar os desfavorecidos e as minorias

AFP
31/05/2019 às 16:10.
Atualizado em 30/03/2022 às 21:16

O Papa Francisco foi calorosamente recebido nesta sexta-feira (31) na Romênia ortodoxa no começo de uma visita de três dias destinada a estabelecer o diálogo entre religiões e apoiar os desfavorecidos e as minorias.Francisco foi recebido nesta sexta-feira no aeroporto de Bucareste pelo presidente romeno, Klaus Iohannis, um pró-europeu de confissão luterana, que na quinta-feira manifestou satisfação com o encontro "cristão ortodoxos, católicos romanos e greco-católicos" em seu país. "Presto homenagem aos sacrifícios de tantos filhos e filhas da Romênia que enriquecem com sua cultura, sua idiossincrasia e seu trabalho, os países onde emigraram e ajudam com o fruto de seu empenho a suas famílias que ficaram em casa" disse o pontífice argentino após sua entrevista com Iohannis no palácio presidencial.Francisco realizou, em seguida, uma missa conjunta com o patriarca ortodoxo Daniel em uma catedral da capital. Ambos rezaram na nova catedral ortodoxa da capital, um em latim e o outro em romeno, mas não estava prevista nenhuma outra aparição juntos em público, o que alguns analistas interpretam como um sinal de desafio da Igreja ortodoxa romena ao líder de 1,3 bilhão de católicos do planeta. "Venho como peregrino e irmão", anunciou o pontífice argentino em um vídeo ao povo romeno divulgado na quinta-feira.Esta é a 30º viagem ao exterior em seis anos de pontificado e acontece 20 anos depois da visita de João Paulo II, o primeiro papa a visitar um país de maioria ortodoxa. O papa João Paulo II teve que limitar sua viagem a Bucareste, condição imposta pelo patriarcado ortodoxo, mas Francisco quis fazer uma viagem pela "riqueza étnica, cultural e religiosa da Romênia", declarou o porta-voz do Vaticano, Alessandro Gisotti. Francisco, durante sua passagem pela capital, foi saudado ao grito de "Viva o papa" e com bandeiras com as cores branco e amarelo do Vaticano. Cerca de dez telões instaladas mps diversos lugares da cidade transmitiam ao vivo os momentos da visita.Mais de 25.000 pessoas se reuniram perto da catedral católica de São José para acompanhar a missa celebrada pelo pontífice.Francisco percorrerá em três dias boa parte da Romênia, um país de 20 milhões de habitantes e composto por um mosaico de religiões e línguas, com 18 minorias oficialmente reconhecidas.No sábado, o papa visitará o santuário mariano de Sumuleu Ciuc (centro do país), frequentado principalmente pela minoria húngara, assim como Iasi (nordeste), o maior centro de católicos latinos. No domingo seguirá para Blaj (centro), sede da igreja greco-católica. "O desafio do papa é demonstrar à comunidade ortodoxa que a igreja de Roma não quer latinizá-la" explicou à AFP o bispo Pascal Gollnisch, diretor geral da Obra do Oriente. "A unidade que se busca não é institucional, não pretende reunir todos os cristãos sob a etiqueta de católicos, e sim que todos se reconheçam como cristãos", completou. Situada entre a Europa oriental e ocidental, a Romênia estabeleceu relações diplomáticas com a Santa Sé em 1920, mas os vínculos se romperam depois da Segunda Guerra Mundial, com a chegada dos comunistas ao poder. Na atualidade, 85% dos romenos se declaram ortodoxos e 7% católicos, cerca de 1,4 milhão de fiéis, inclusive os 200.000 que pertencem à igreja greco-católica ou uniata. A partir de 1948, esta comunidade minoritária foi integrada à igreja ortodoxa e desapareceu oficialmente. Vários sacerdotes e fiéis foram presos e alguns executados. Muitos, no entanto, conservaram os rituais em sigilo até a queda do líder comunista Nicolae Ceausescu em 1989, que governo o país com mão de ferro.Para honrar sua memoria, o papa beatificará no domingo em Blaj sete bispos uniatas, que foram detidos e torturados por agentes do regime comunista em 1948, morrendo em total isolamento.Outro momento importante será a missa de sábado no santuário de Sumuleu Ciuc, na Transilvânia, diante de 200.000 pessoas, acontecimento que é considerado pelas autoridades locais como um reconhecimento da identidade húngara desta região.O papa completará a viagem com uma visita à comunidade romani, o povo cigano, no distrito de Barbu Lautaru de Blaj.

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