INTERNACIONAL

Papa vai ao Marrocos falar de migração e diálogo com Islã

O papa Francisco celebra, no sábado e no domingo (30 e 31), uma visita ao Marrocos, país de maioria muçulmana, para falar do diálogo com o Islã, assim como de migração, dois temas-chave de seu pontificado

AFP
28/03/2019 às 18:10.
Atualizado em 04/04/2022 às 20:36

O papa Francisco celebra, no sábado e no domingo (30 e 31), uma visita ao Marrocos, país de maioria muçulmana, para falar do diálogo com o Islã, assim como de migração, dois temas-chave de seu pontificado."Cristãos e muçulmanos, irmãos no mundo que precisam de paz", disse o pontífice em uma mensagem por vídeo divulgada na véspera de sua 28ª viagem internacional.O sumo pontífice quer manter laços de amizade com o mundo muçulmano e, ao mesmo tempo, está empenhado em visitar as menores comunidades católicas do mundo, que costumam ser esquecidas pela cúpula da Igreja.Cerca de 30.000 católicos vivem no Marrocos. A maioria é composta de estrangeiros procedentes da África subsaariana, estudantes, ou migrantes a caminho da Europa.No domingo, muitos deles assistirão a uma missa em um complexo esportivo, algo que não se via desde a visita de João Paulo II em 1985, já que 99% da população é muçulmana sunita.Como aconteceu durante sua viagem em janeiro aos Emirados Árabes Unidos, o papa se reunirá com o rei do Marrocos Mohamed VI, assim como com os principais líderes religiosos muçulmanos, e visitará o mausoléu de Mohamed V - gestos a favor da tolerância religiosa.Nesse mesmo dia, ele se reúnem com migrantes na sede da Caritas de Rabat, onde pronunciará um importante discurso.Com essa viagem, segundo o Vaticano, o papa deseja dar esperança às minorias cristãs e aos muçulmanos convertidos, que pedem para desfrutar plenamente da liberdade de religião consagrada na Constituição marroquina.- Liberdade de culto incompleta -"Sonhamos com um Marrocos livre que assuma sua diversidade religiosa", pediu, em uma nota, a Coordenadoria dos Cristãos Marroquinos.A organização espera que a visita seja "uma oportunidade histórica" para que o Marrocos se comprometa a fundo com a questão.Segundo a Constituição marroquina, "o Islã é a religião do Estado, o qual garante a todos o livre exercício dos cultos".Diferentemente dos Emirados Árabes, o código penal marroquino não prevê pena de morte para os apóstatas do Islã e a regra em geral "é a discrição", explicou um religioso de Rabat.O tema é delicado.O ministro para os Direitos Humanos, o islamista Mustapha Ramid, garantiu recentemente que a liberdade de consciência representa "uma ameaça" para a "coesão" do Marrocos, o que abriu o debate.A conversão voluntária não é um crime, mas fazer proselitismo ("abalar a fé de um muçulmano e querer convertê-lo a outra religião") pode custar até três anos de prisão."O que se condena é o proselitismo agressivo", explicou o embaixador do Marrocos em Paris, Chakib Benmoussa.Para ele, "a visita do papa Francisco representa algo muito importante, porque se quer lutar contra o fanatismo (...) a intolerância, mas também (...) representa um momento para o diálogo positivo entre as religiões, os povos e as civilizações".- Migração, outro tema difícil -Recentemente, o papa Francisco confessou que teria gostado de ir a Marrakech em dezembro para a adoção por parte de mais de 150 países do Pacto Mundial das Nações Unidas sobre Migração. Ao final, enviou um representante.O texto não é vinculante, mas seu objetivo é fortalecer a cooperação internacional para a "migração segura", o que deflagrou diferenças entre países antes de sua ratificação em Nova York.Há anos, a igreja católica local realiza um complexo trabalho social de acolhida, criando centros de recepção para migrantes em várias cidades marroquinas. A maioria é de africanos negros.Embora as autoridades garantam que sua política de acolhida ao migrante é "humanista", os defensores dos direitos humanos denunciam regularmente ondas de detenções e expulsões daqueles que tentam fugir pelo Mediterrâneo.Do Marrocos, Francisco deve ratificar os quatro princípios que defende em relação ao migrante - "acolher, proteger, promover e inserir" - e evitará falar das normas aplicadas por cada país. bur-cm/kw/zm/tt

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