O Papa Francisco rejeitou claramente nesta segunda-feira o questionamento do celibato dos padres em vigor no catolicismo romano, e afirmou que esta condição não pode ser "uma opção", em coletiva de imprensa no avião em que viajou de volta a Roma
O Papa Francisco rejeitou claramente nesta segunda-feira o questionamento do celibato dos padres em vigor no catolicismo romano, e afirmou que esta condição não pode ser "uma opção", em coletiva de imprensa no avião em que viajou de volta a Roma."Pessoalmente, acho que o celibato é um presente para a Igreja. Em segundo lugar, eu não concordo em permitir que o celibato seja opcional", declarou o papa, questionado sobre o possível casamento de padres ou a ordenação de homens casados dentro do rito romano da Igreja Católica.No entanto, ele considerou "algumas possibilidades para lugares muito remotos", mencionando as ilhas do Pacífico ou a Amazônia, quando "existe uma necessidade pastoral". "É algo em discussão com os teólogos, não é uma decisão minha", acrescentou cautelosamente.Os católicos de ritos orientais admitem a ordenação como padres de homens casados, desde que tenham escolhido antes do diaconado serem casados ou solteiros. O diaconado, o primeiro grau do sacerdócio, permite pregar, batizar e servir no altar. O sacerdócio então permite ser totalmente responsável por uma paróquia.Em relação ao rito romano, observado pela grande maioria dos católicos, o papa insistiu em sua rejeição de tais práticas."Minha decisão sobre o celibato opcional antes do diaconato é: não, essa é a minha opinião pessoal. Mas eu não vou impô-la, para que fique claro. Talvez eu possa parecer fechado sobre o assunto, mas eu não pareço assim diante de Deus com esta decisão", disse.O papa argentino também se apoiou em uma frase do papa Paulo VI sobre o celibato ("Eu prefiro dar a minha vida do que mudar a lei do celibato"), acrescentando: "Devemos repetir esta frase porque é uma frase corajosa, dita num momento difícil, 1968", uma referência aos movimentos de protestos estudantis em todo o mundo.O papa Francisco afirmou em várias ocasiões que a proibição da ordenação de homens já casados não era uma doutrina fixa, parecendo abrir o debate e causando mal estar em algumas fileiras católicas.A prática do casamento existe há séculos, e os textos bíblicos indicam que o apóstolo Pedro tinha uma sogra. A exigência de ser solteiro para entrar no clero da Igreja Católica Latina remonta apenas ao século XI.Em março de 2017, o papa Francisco anunciou publicamente que "refletia" sobre a possibilidade de ordenar "viri probati", homens casados de idade madura envolvidos na Igreja, excluindo assim essa abertura para os homens jovens, e é claro mulheres.A hipótese dessas ordenações estará em pauta em outubro de 2019 no próximo sínodo dedicado à Amazônia, um imenso território latino-americano que sofre com a falta de padres.kv-cm/ob/agr/cn