III GUERRA MUNDIAL

Papa alerta para 'clima de guerra' no mundo

Visita relâmpago a Saravejo tem como objetivo promover a paz e a coexistência entre sérvios, croatas e muçulmanos

AFP
06/06/2015 às 19:19.
Atualizado em 23/04/2022 às 11:27
Visita papal transcorreu sem incidentes, apesar de um delicado contexto de segurança, na análise de especialistas (AFP)

Visita papal transcorreu sem incidentes, apesar de um delicado contexto de segurança, na análise de especialistas (AFP)

O papa Francisco denunciou o "clima de guerra" reinante no mundo em uma missa neste sábado (6) em Sarajevo, durante uma visita relâmpago com o objetivo de promover a paz e a coexistência entre sérvios, croatas e muçulmanos.O avião do sumo pontífice decolou às 18h40 GMT (15h40 em Brasília) para Roma, após uma visita de menos de dez horas. A visita papal transcorreu sem incidentes, apesar de um delicado contexto de segurança, na análise de especialistas.Reivindicando pertencer ao Estado Islâmico (EI), islamitas convocaram a jihad nos Bálcãs em um vídeo divulgado para a imprensa local antes da passagem do papa Francisco.Diante de 65.000 fiéis reunidos no estádio olímpico da cidade, o pontífice afirmou sentir um "clima de guerra" no mundo, estimulado "deliberadamente" por aqueles que "buscam o confronto entre as distintas culturas e civilizações"."Sarajevo e Bósnia têm um significado especial para a Europa e para o mundo inteiro", disse o papa argentino um pouco antes de chegar à capital bósnia, onde foi recebido por 100.000 pessoas."Fazer a paz é um trabalho artesanal: requer paixão, paciência, experiência, afinco. Fazer a paz é um trabalho que se realiza a cada dia, passo a passo, sem cansar jamais", declarou aos fiéis.A coexistência de três comunidades de confissões diferentes "mostra ao mundo inteiro que a colaboração entre distintas etnias e religiões para o bem comum é possível", insistiu Francisco."Mas particularmente aqui, na Bósnia, é preciso fazer mais", completou, olhando para o presidente bósnio em exercício, Mladen Ivanic.Este último é o representante sérvio na presidência tripartite (sérvia, croata, muçulmana) do país. A igualdade de todos os cidadãos diante da lei é "indispensável", defendeu.Ivanic declarou que as autoridades multiétnicas bósnias estão "dispostas a trabalhar para a redução dos nacionalismos" e pediu o "apoio total" do pontífice à adesão da Bósnia e de outros países dos Bálcãs à União Europeia."A Bósnia é parte integrante da Europa", respondeu o papa, que pediu à comunidade internacional - a UE em particular - que ajude estes países.Essa colaboração é "fundamental", destacou.Francisco seguiu para o estádio olímpico no papamóvel, descoberto, e saudou os fiéis, como costuma fazer em suas viagens."Estou aqui, porque desejo que a paz reine no mundo inteiro e que as guerras e o ódio acabem", afirmou o médico Branimir Vujca, de 50 anos, de Kiseljac (centro), que foi ao estádio acompanhado da mulher e dos três filhos adolescentes.A guerra da Bósnia (1992-1995) deixou quase 100.000 mortos e mais de dois milhões de refugiados e deslocados, mais da metade da população do país. Sem uma verdadeira reconciliaçãoVinte anos depois dos acordos de Dayton, que acabaram com a guerra entre sérvios ortodoxos, croatas católicos e muçulmanos bósnios, a cidade está em paz, mas parece uma paz simulada, sem uma verdadeira reconciliação, apesar dos esforços da sociedade civil nesse sentido."A Bósnia precisa da mensagem de paz que o papa enviará em um momento, no qual continua havendo uma falta de confiança entre as três comunidades do país", comentou a croato-bósnia Katarina Dzrek, que compareceu especialmente para ver o sumo pontífice.Antes de encerrar a visita, o papa deixou de lado seu último discurso previsto e respondeu algumas perguntas dos jovens. Sob aplausos, disse-lhes que eles representam "a primeira geração do pós-guerra" e que a esperança de um futuro em paz está em suas mãos.Os muçulmanos são maioria nesse país de 3,8 milhões de habitantes, onde representam quase 40% da população. Depois, aparecem os ortodoxos sérvios (31%) e os católicos (10%), em sua maioria croatas. Os judeus são uma pequena minoria.

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