Secretário-geral da Otan reiterou que tudo será feito para proteger e defender a Turquia
A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) sinalizou ontem (12) que analisa a possibilidade de autorizar a intervenção na região de fronteira entre a Síria e a Turquia. O assunto foi tema de reunião em Praga, capital da República Tcheca. Segundo integrantes da organização, o objetivo é proteger a Turquia, uma vez que a Síria está em crise há 20 meses e mais de 36 mil pessoas morreram.
O secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, reiterou que tudo será feito para proteger e defender a Turquia. "Nós temos mais planos para garantir a proteção e a defesa da Turquia e, esperamos, para impedir os ataques cometidos", disse.
Paralelamente, a Otan analisa como alternativa a definição de área de exclusão do tráfego aéreo na Síria para limitar o alcance do poder do presidente Bashar Al Assad. No entanto, países como a China, Rússia e o Irã são contrários a quaisquer medidas de restrição à Síria.
Rasmussen acrescentou que tem esperança de solucionar a crise que afeta a Síria. Desde março de 2011, o presidente Bashar Al Assad enfrenta as forças de oposição que insistem na sua renúncia. Os bombardeios e ataques tornaram-se frequentes no país.
NOVA OPOSIÇÃO
Violentos combates eram travados nesta terça-feira entre insurgentes e soldados em Damasco e seus subúrbios, enquanto a nova coalizão da oposição, reconhecida pelos países do Golfo e com o apoio da Liga Árabe, pediu armas para lutar contra o regime sírio.
Após 20 meses de um conflito sangrento, o chefe desta coalizão, Ahmad Moaz al-Khatib, pediu nesta terça-feira à comunidade internacional "armas adaptadas" para combater as tropas do regime de Bashar al-Assad.
Um dia após a formação desta coalizão, que nomeará um governo provisório, apenas as monarquias do Golfo - que lideram o apoio à rebelião - a reconheceram formalmente como "representante legítimo do povo sírio". A Liga Árabe e a França se limitaram a fornecer seu apoio.
A organização pan-árabe a classificou de "principal interlocutor" e de "representante legítimo da oposição", um reconhecimento prudente que pretende satisfazer a todos os seus membros.
Alguns de seus integrantes apoiam a oposição a Bashar al-Assad, como o Qatar, enquanto outros, como Iraque e Argélia, expressaram suas reservas sobre este reconhecimento.
Muitos dos diversos elementos da oposição, até agora reticentes em se somar ao Conselho Nacional Sírio (CNS), se uniram à coalizão. A Liga Árabe convocou os últimos opositores que se mantêm à margem desta entidade a seguir o mesmo exemplo.
A França também vai apoiar a coalizão, declarou o ministro francês das Relações Exteriores, Laurent Fabius, após uma reunião no Cairo com Ahmad Moaz Al-Khatib, e George Sabra, chefe do CNS, principal componente da nova coalizão.
Foi depois desta reunião que Al-Khatib pediu armas à comunidade internacional. "Precisamos de armas adaptadas para que a rebelião possa terminar com o sofrimento dos sírios e com o derramamento de sangue", disse à AFP.
O líder opositor afirmou, por sua vez, que a organização que preside representava a maioria da oposição.
"Vários grupos se somaram. Alguns têm reservas e estamos em contato com todos", disse Al-Khatib.
"A grande maioria está. Trata-se da coalizão mais forte e representa a Síria internamente", disse Al-Khatib.
Por sua vez, como se esperava, Washington e Londres, que reiteraram seus chamados à união da oposição, prometeram seu apoio na segunda-feira. Já a Rússia, grande aliada do regime de Damasco, renovou seu chamado a privilegiar o diálogo com Assad, uma opção rejeitada pelos opositores, que exigem a saída do chefe de Estado.
Por sua vez, a Human Rights Watch e a Anistia Internacional, duas das principais organizações internacionais de defesa dos direitos humanos, convocaram nesta terça-feira a nova coalizão da oposição síria a estabelecer como principal prioridade a luta contra os abusos cometidos pelos rebeldes.
A HRW afirmou em um comunicado, em Nova York, que a coalizão "deve dirigir uma mensagem clara aos combatentes da oposição para que respeitem as leis relativas à guerra e aos direitos humanos e fazê-los saber que aqueles que as violarem serão considerados responsáveis".
Finalmente, nos campos de batalha novos combates sangrentos foram travados nesta terça-feira entre soldados e rebeldes em Damasco e seus arredores, bombardeados pela artilharia do regime. Ao menos 40 pessoas morreram nestes confrontos.
No total, 62 pessoas morreram em combates nesta terça-feira em todo o país - entre elas 22 civis - segundo um balanço preliminar do OSDH. Na segunda-feira, o número de vítimas fatais havia chegado a 151. Desde o início da revolta, em março de 2011, mais de 37.000 pessoas perderam a vida em confrontos na Síria, segundo o OSDH.