INTERNACIONAL

Oposição síria boicotará encontro de Sochi

A oposição ao regime de Bashar al Assad anunciou nesta sexta-feira à noite que boicotará o congresso sobre a Síria organizado pela Rússia em Sochi, após uma infrutífera rodada de negociações, supervisionada pela ONU em Viena

AFP
27/01/2018 às 00:40.
Atualizado em 22/04/2022 às 09:13

A oposição ao regime de Bashar al Assad anunciou nesta sexta-feira à noite que boicotará o congresso sobre a Síria organizado pela Rússia em Sochi, após uma infrutífera rodada de negociações, supervisionada pela ONU em Viena. "O CNS anuncia seu boicote à conferência de Sotchi à qual a Rússia nos convida nos dias 29 e 30", informou em sua conta do Twitter, em árabe, o Comitê para as Negociações Sírias (CNS), que reúne os principais grupos de oposição ao regime de Assad. O CNS dará no sábado de manha uma entrevista coletiva em Viena para explicar sua decisão, depois de dois dias de negociações com a ONU na capital austríaca que, como as oito sessões anteriores celebradas desde 2015, não permitiram qualquer avanço significativo. "Compartilho a imensa frustração de milhões de sírios, no interior e no exterior do país, diante da falta de uma solução política até a data", reconheceu, visivelmente abatido, o emissário da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, que supervisiona o processo. Mais uma vez, não houve nenhum encontro direto entre a oposição e os representantes do regime, e os delegados falaram separadamente com Mistura. Para participar no encontro em Sochi, o CNS exigia primeiro que Damasco fizesse concessões durante as negociações em Viena. A ONU havia decidido centrar essas negociações na abordagem constitucional, que é um assunto menos sensível do que a questão das eleições, que obrigaria a debater o futuro do presidente Assad. No entanto, o negociador do regime, Bashar al Jaafari, acusou, nessa sexta-feira, Washington e seus aliados franceses, britânicos, sauditas e jordanianos de "matar" o processo político em um rascunho de projeto que prevê, entre outras coisas, uma redução dos poderes do presidente sírio. "É humor negro" que países que "participaram no banho de sangue do povo sírio" pretendam "falar de uma solução política e do futuro da Síria", declarou à imprensa. Mistura lembrou o compromisso da ONU com a aplicação "completa" de sua resolução 2254, que prevê a adoção de uma nova Constituição e a organização de eleições livres.- Participação da ONU - Paralelamente às negociações auspiciadas pelas Nações Unidas, a Rússia promove desde o ano passado negociações das quais participam Irã e Turquia.Nesse contexto, a Rússia convidou aproximadamente 1.600 pessoas a "um congresso de paz" na cidade de Sochi, no mar Negro, para fechar um acordo sobre uma Constituição para a Síria do pós-guerra. Al Jaafari deixou claro que prefere esse marco para debater o futuro de seu país. Os países ocidentais observam a iniciativa com desconfiança, já que temem que Moscou tente torpedear as negociações promovidas pela ONU para conseguir um acordo favorável para seu aliado, o presidente Assad. O anúncio do boicote do CNS e a possível ausência das potências ocidentais e da ONU abalam a legitimidade do encontro de Sochi."Vou informar ao secretário-geral da ONU, António Guterres, sobre os resultados da reunião de Viena. Ele decidirá a resposta que será dada ao convite para participar em Sochi", disse Mistura. "Se a ONU e a verdadeira oposição (...) não comparecerem, Sochi será um fracasso", opinou uma fonte diplomática ocidental. bur-phs/mr/gm/cc

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