Ghuta Oriental

Operação de saída de rebeldes sírios prossegue

Vários ônibus entraram na cidade de Duma nesta terça-feira (3), o último reduto rebelde de Ghuta Oriental, uma operação mediada pela Rússia que permitirá ao regime sírio retomar o controle total desta região nas proximidades de Damasco

AFP
03/04/2018 às 12:42.
Atualizado em 23/04/2022 às 09:23
Operação de saída de rebeldes sírios prossegue em Ghuta Oriental (Divulgação)

Operação de saída de rebeldes sírios prossegue em Ghuta Oriental (Divulgação)

Vários ônibus entraram na cidade de Duma nesta terça-feira (3), o último reduto rebelde de Ghuta Oriental, uma operação mediada pela Rússia que permitirá ao regime sírio retomar o controle total desta região nas proximidades de Damasco. A saída dos insurgentes, que deve durar vários dias, não foi confirmada pelo grupo Yaish Al-Islam, a última facção rebelde presente em Duma. O movimento, com muitas divisões internas, permanece em silêncio desde que a Rússia anunciou um "acordo preliminar" para a evacuação. Aliada do governo Bashar al-Assad, a Rússia já organizou a saída de outros dois grupos rebeldes de Ghuta Oriental. Nos últimos dias, mais de 46.000 pessoas, quase 25% delas combatentes, deixaram Ghuta Oriental, agora controlada em 95% pelas forças do governo, graças à ofensiva iniciada em 18 de fevereiro. As cinco semanas de intensos bombardeios deixaram mais de 1.600 civis mortos, de acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH). A operação do regime em Ghuta é uma das maiores derrotas dos rebeldes, enfraquecidos pela força militar do governo sírio e da Rússia, desde o início da guerra em 2011. Apesar do silêncio do Yaish Al-Islam, os combatentes de Duma e suas famílias começaram a deixar a cidade na segunda-feira. Nesta terça-feira, ônibus aguardavam em uma estrada nos arredores de Damasco e perto da passagem de Wafidin, por onde transitam os comboios rebeldes que abandonam a região. "A operação pode prosseguir, ou não, nesta terça-feira. Há divisões dentro do Yaish Al-Islam sobre a saída, mas seguimos com os preparativos", disse uma fonte militar. O diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman, afirmou que a operação sofreu uma interrupção pelas divisões do grupo islamita, que tem 10.000 combatentes. "A ala radical do grupo se nega a sair", disse Abdel Rahman. "Vamos permanecer na cidade, não vamos sair. Os que quiserem, podem ir embora", afirmou Esam Al Buidani, líder do grupo, em um vídeo divulgado no domingo, mas sem a informação sobre a data em que foi gravado. Vitória para o regime - Na segunda-feira à noite, mais de 1.100 pessoas, incluindo rebeldes e suas famílias, abandonaram Ghuta e seguiram para Jarablos, um território do norte do país sob controle de rebeldes sírios pró-Turquia. A cidade de Duma tem 200.000 habitantes e os que desejarem poderão permanecer, caso regularizem sua situação com as autoridades de Damasco. A reconquista de Ghuta Oriental é uma vitória para o regime de Damasco. Desde 2012, a região estava sob controle dos rebeldes, que lançavam foguetes e obuses contra a capital. Antes da ofensiva do governo, que começou em 2013, a região tinha 400.000 habitantes e sofria uma escassez de alimentos e de remédios. Nas últimas semanas, dezenas de civis fugiram de Ghuta, e muitos buscaram abrigo em áreas próximas a Damasco controladas pelo regime, onde alguns temem represálias. De modo paralelo, 40.000 pessoas retornaram para suas casas em várias localidades de Ghuta reconquistadas pelo regime, anunciou uma fonte militar. Graças ao apoio militar da Rússia, o regime de Assad conseguiu importantes vitórias contra rebeldes e extremistas. O governo sírio controla mais da metade do país, devastado por uma guerra que deixou mais de 350.000 mortos.

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