pandemia

ONU pede um cessar-fogo mundial

O Conselho de Segurança da ONU adotou por unanimidade, ontem, uma resolução pedindo uma paralisação dos conflitos mundiais para facilitar a luta

France Press
02/07/2020 às 07:55.
Atualizado em 28/03/2022 às 23:36
Turistas búlgaros desembarcam em Corfú, ilha grega, no primeiro dia da reabertura: esperança ao turismo (Angelos Tzortzinis/AFP)

Turistas búlgaros desembarcam em Corfú, ilha grega, no primeiro dia da reabertura: esperança ao turismo (Angelos Tzortzinis/AFP)

O Conselho de Segurança da ONU adotou por unanimidade, ontem, uma resolução pedindo uma paralisação dos conflitos mundiais para facilitar a luta contra a pandemia de Covid-19, após mais de três meses de negociações. Aprovada em votação por escrito, a resolução foi redigida em conjunto pela França e pela Tunísia, que saudaram sua adoção. O embaixador da Tunísia na ONU, Kais Kabtani, referiu-se a uma "conquista histórica" para os dois países. Alguns especialistas duvidam, no entanto, do que será feito deste texto após uma longa paralisia do Conselho, que enfraqueceu sua credibilidade. Bloqueada por meses pela China e pelos Estados Unidos, opostos sobre o espaço a ser dado no texto à Organização Mundial da Saúde (OMS), a resolução visa a apoiar um apelo feito em 23 de março pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, por um cessar-fogo global. Pede "uma cessação imediata e geral das hostilidades" em todos os conflitos na agenda do Conselho de Segurança, exceto no combate aos grupos jihadistas. Também defende "uma pausa humanitária por pelo menos 90 dias consecutivos" para facilitar a assistência internacional às populações. O texto adotado não inclui um parágrafo que constava na versão anterior referente à OMS, ao qual os Estados Unidos se opunham categoricamente em 8 de maio.  Segundo os diplomatas, foi por iniciativa da Indonésia, membro não permanente do Conselho, que um compromisso foi encontrado. Um parágrafo foi acrescentado ao preâmbulo, lembrando apenas a adoção de uma resolução em 2 de abril pela Assembleia Geral. Neste documento, sobre a necessidade de solidariedade global para superar a pandemia, a Assembleia Geral convoca os 193 membros das Nações Unidas "a fornecerem todo apoio e cooperação necessários para a Organização Mundial da Saúde". Essa vaga referência a um texto da Assembleia Geral foi considerada aceitável pela China, que queria enfatizar o papel da OMS, e pelos Estados Unidos, que se separaram da agência da ONU e que não queriam nenhuma menção explícita, ou implícita. A resolução do Conselho de Segurança é sua primeira posição oficial desde o início da pior crise desde 1945. Com exceção de uma reunião em 9 de abril, organizada pela Alemanha e pela Estônia, dois membros não permanentes, o Conselho até agora se manteve em grande parte silencioso a respeito da pandemia que está sacudindo o planeta. Uma segunda reunião sobre a pandemia está marcada para quinta-feira, novamente por iniciativa da Alemanha, presidente em exercício em julho do mais alto órgão executivo da ONU. Há três meses, a paralisia do Conselho de Segurança, devido à crescente rivalidade de seus dois maiores contribuintes financeiros - Estados Unidos e China -, tem sido frequentemente denunciada. Alguns membros do corpo chegaram a descrever a situação como "vergonhosa". Na semana passada, António Guterres elogiou o fato de sua demanda por um cessar-fogo ter sido apoiada por quase 180 países e mais de 20 grupos armados. O secretário-geral  reconheceu, porém, que falta concretização. No Iêmen e na Líbia, a violência aumentou. Os que o rodeiam acreditam que uma "declaração forte e unida deve tornar realidade seu apelo por um cessar-fogo". Europa já recebe primeiros turistas pós-confinamento A União Europeia (UE) reabriu suas fronteiras ontem aos visitantes de 15 países, que não incluem Estados Unidos e Brasil, onde as mortes por coronavírus prosseguem em ritmo acelerado. A lista de países considerados suficientemente seguros para permitir que seus residentes entrem na UE não inclui Reino Unido, Rússia, Brasil ou Estados Unidos, onde o número de mortes superou na terça-feira 1.000 vítimas fatais pela primeira vez desde 10 de junho. O único país latino-americano da relação é o Uruguai. Anthony Fauci, especialista americano em doenças infecciosas, afirmou que os Estados Unidos podem alcançar 100.000 casos diários se persistir a tendência atual. Vários estados do país anunciaram 14 dias de quarentena aos viajantes de outros países. A UE espera que a flexibilização das restrições leve oxigênio ao turismo, setor asfixiado pela proibição das viagens não essenciais desde meados de março. Nesta quarta-feira, hotéis e restaurantes receberam os primeiros turistas nas ilhas da Grécia, país que registrou 200 mortes provocadas pela Covid-19 e que viu sua economia muito abalada pelas medidas de confinamento. Os viajantes procedentes da China, só poderão entrar no bloco se Pequim aplicar a medida de reciprocidade e abrir suas portas aos residentes na UE. Nos Estados Unidos, Anthony Fauci, integrante da equipe de resposta do presidente Donald Trump, advertiu ao Congresso que as autoridades não têm o controle total no momento. "Estou muito preocupado e não estou satisfeito com o que está acontecendo, porque estamos indo na direção errada", disse Fauci.  Texas e Flórida, que estão entre os estados mais populosos do país, registram um aumento expressivo de casos e devem ser controlados rapidamente, advertiu.

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