INTERNACIONAL

ONU: danos ao meio ambiente provocam 1 em cada 4 mortes prematuras

Uma em cada quatro mortes prematuras e por doenças no mundo estão relacionadas com a poluição e outros danos ao meio ambiente provocados pelo homem, alerta a ONU em um relatório sobre o estado do planeta

AFP
13/03/2019 às 09:20.
Atualizado em 04/04/2022 às 22:50

Uma em cada quatro mortes prematuras e por doenças no mundo estão relacionadas com a poluição e outros danos ao meio ambiente provocados pelo homem, alerta a ONU em um relatório sobre o estado do planeta.A poluição atmosférica, os produtos químicos que afetam a água potável e a destruição acelerada dos ecossistemas vitais para bilhões de pessoas estão provocando uma espécie de epidemia mundial, segundo o texto, que adverte ainda para os efeitos negativos sobre a economia.O relatório, que em inglês tem o título Global Environment Outlook (GEO) e contou com a participação de 250 cientistas de 70 países durante seis anos, destaca ainda uma brecha crescente entre países ricos e pobres: o consumo excessivo, a poluição e desperdício de alimentos no hemisfério Norte precipitam a fome, a pobreza e as doenças no Sul.Ao mesmo tempo que aumentam as emissões de gases que provocam o efeito estufa e, em consequência, o aquecimento do planeta, os desastres climáticos como as secas e fortes tempestades devem aprofundar a vulnerabilidade de bilhões de pessoas.O Acordo de Paris de 2015 aspira limitar o aquecimento global a +2 ºC, e se possível a +1,5 ºC, na comparação com a era pré-industrial.Mas não existe nenhum acordo internacional equivalente sobre o meio ambiente e os impactos sobre a saúde da poluição, do desmatamento e de uma cadeia alimentar industrializada são menos conhecidos.- 9 milhões de mortos -O relatório GEO, que utiliza centenas de fontes de dados para calcular o impacto do meio ambiente sobre uma centena de doenças, compila uma série de emergências de saúde relacionadas com poluições de todo tipo.As condições ambientais "medíocres" são responsáveis por "quase 25% das mortes e doenças no mundo", afirma o documento, que calcula em 9 milhões o número de mortes em 2015.Em consequência da falta de acesso à água potável, 1,4 milhão de pessoas morrem a cada ano de enfermidades que poderiam ser evitadas como diarreia e parasitas relacionados com a água contaminada.Os produtos químicos despejados no mar prejudicam a saúde de "potencialmente várias gerações" e 3,2 bilhões de pessoas vivem em terras degradadas pela agricultura intensiva ou o desmatamento.O relatório calcula que a poluição atmosférica provoca entre 6 e 7 milhões de mortes prematuras por ano.Além disso, o uso excessivo de antibióticos na produção alimentar acarreta o risco de provocar o nascimento de bactérias resistentes, que poderiam se tornar a principal causa de morte prematura em meados do século. - Crescimento em xeque -"São necessárias ações urgentes e de uma envergadura sem precedentes para frear e inverter a situação", afirma o resumo que acompanha o relatório.Sem uma reorganização da economia mundial para uma produção mais sustentável, o conceito de crescimento poderia não fazer nenhum sentido ante as mortes e os custos dos tratamentos de saúde, afirmam os autores."A mensagem central é que com um planeta saudável se contribui não apenas para o crescimento mundial, mas também beneficia os mais pobres que dependem de ar puro e de água limpa", afirmou à AFP Joyeeta Gupta, copresidente do GEO."Ao contrário, um sistema em má condição de saúde provoca danos imensos nas vidas humanas".O relatório aponta, no entanto, que a situação não é irremediável e pede, sobretudo, a redução das emissões de CO2 e do uso de pesticidas.O desperdício de alimentos também deve ser reduzido: o mundo joga no lixo um terço da comida produzida (56% nos países mais ricos)."Em 2050 teremos que alimentar 10 bilhões de pessoas, mas isto não quer dizer que devemos dobrar a produção", insistiu Gupta, defendendo, por exemplo, a redução do gado."Isto levaria a uma mudança do modo de vida", reconheceu.A publicação do informe acontece durante a Assembleia Geral do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, que acontece em Nairóbi. De acordo com fontes próximas às negociações, alguns países ricos, Estados Unidos à frente, ameaçam não receber favoravelmente o relatório, um sinal ruim para um futuro acordo sobre a redução do desperdício de alimentos, o consumo excessivo e a poluição.Porém, ricos ou pobres, todos os países deverão adaptar-se à realidade de seu meio ambiente, destaca Gupta. "A água doce supõe mais ou menos (um volume) fixo", cita como exemplo. "No fim das contas será necessário compartilhar. Este é um discurso que não agrada muitos países desenvolvidos". pg/abd/app/ra/fp

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