Ao menos oito pessoas, incluindo dois cidadãos dos Estados Unidos, foram detidas em uma nova grande operação policial na Arábia Saudita, país aliado de Washington e muito criticado por seu balanço na área dos direitos humanos, informaram nesta sexta-feira ativistas
Ao menos oito pessoas, incluindo dois cidadãos dos Estados Unidos, foram detidas em uma nova grande operação policial na Arábia Saudita, país aliado de Washington e muito criticado por seu balanço na área dos direitos humanos, informaram nesta sexta-feira ativistas.A organização de defesa dos direitos humanos ALQST, com sede em Londres, identificou os cidadãos americanos - com dupla cidadania - como o médico e escritor Bader al Ibrahim e Salah al Haidar, filho de Aziza al Yusef, uma importante ativista que está sendo julgada ao lado de outras ativistas dos direitos das mulheres. A ALQST afirmou que os detidos são "escritores e blogueiros" favoráveis às reformas.Segundo o grupo de defesa dos direitos Humanos "Prisioneiros de consciência", que acompanha a situação dos prisioneiros políticos na Arábia Saudita, dez pessoas foram presas.As autoridades sauditas não comentaram as informações até o momento."As autoridades sauditas parecer dispostas a fazer qualquer coisa para calar as pessoas que ousam falar ou mesmo expressar suas opiniões em privado ou em público", criticou Samah Hadid, diretora para o Oriente Médio da Anistia Internacional.As detenções aconteceram depois que o Congresso dos Estados Unidos aprovou na quinta-feira uma resolução que pede ao presidente Donald Trump o fim de qualquer apoio à coalizão saudita envolvida na guerra no Iêmen.Esta é a primeira grande campanha de repressão contra personalidades da sociedade civil desde o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, em outubro do ano passado no consulado da Arábia Saudita em Istambul por um grupo enviado por Riad. O caso abalou gravemente a imagem do reino saudita.No Iêmen, o Pentágono tem fornecido "apoio não-combatente" à coalizão liderada pela Arábia Saudita, incluindo armas e informações. Desde o final de 2018, os Estados Unidos suspenderam suas operações de abastecimentos da aviação saudita.A Arábia também é muito criticada pelo julgamento de 11 mulheres, entre elas Aziza al Yusef, por diversas acusações, incluindo contatos com meios de comunicação estrangeiros, diplomatas e ONGs de defesa dos direitos humanos.A maioria delas foi presa em maio de 2018, um mês antes do levantamento histórico da proibição de dirigir imposta às mulheres na Arábia Saudita. Elas militavam pelo direito das mulheres de dirigir e solicitavam o fim do sistema de tutela, que exige que as mulheres obtenham a permissão de um pai ou parente do sexo masculino para fazer muitas coisas.Algumas das detidas denunciam que foram vítimas de tortura e abusos sexuais, o que o governo saudita nega.A irmã de Lujain al-Hathlul, uma das ativistas presas, disse esta semana que foi pressionada por pessoas próximas ao governo saudita para manter o silência sobre as condições de sua detenção. A próxima audiência de julgamento está marcada para 17 de abril.