Milhares de estudantes e professores se mobilizaram nesta quinta-feira em várias cidades do Brasil, em um novo dia de protestos contra o bloqueio de recursos para as universidades decidido pelo governo de Jair Bolsonaro
Milhares de estudantes e professores se mobilizaram nesta quinta-feira em várias cidades do Brasil, em um novo dia de protestos contra o bloqueio de recursos para as universidades decidido pelo governo de Jair Bolsonaro.As passeatas em São Paulo e Rio de Janeiro tinham claramente menos manifestantes que nos protestos de 15 de maio, quando cerca de 1,5 milhão foram às ruas de cerca de 200 cidades, segundo os organizadores.O protesto desta quinta-feira ocorre em meio a uma forte polarização política e social, após os atos de domingo a favor da reforma da Previdência e contra a corrupção."As universidades públicas federais são muito importantes, são as melhores do país. Estou aqui para tentar reverter [o corte de verbas]", disse à AFP Isadora Duarte, estudante de Farmácia de 24 anos no centro do Rio de Janeiro.Além do corte de verbas, os protestos criticavam a reforma da Previdência e outros projetos do governo de Jair Bolsonaro, e pediam a libertação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.O ministério da Educação advertiu nesta quinta-feira que professores, alunos e pais não estão "autorizados a divulgar e estimular protestos durante o horário escolar" e pediu à população que "denuncie a promoção de eventos deste cunho". "Estou aqui por todos aqueles que são periféricos e merecem ter o direito de estudar e a uma educação pública de qualidade", disse à AFP Kaio Duarte, um estudante de Serviço Social de 21 anos, que participou pela manhã da marcha em Brasília, uma das primeiras a acontecer. "Me preocupa que a próxima geração não tenha todos os direitos à educação que eu tive", acrescentou ainda na concentração do ato, que reunia milhares de estudantes. A mobilização há duas semanas foi convocada contra os planos do ministro da Educação, Abraham Weintraub, de bloquear recursos, incluindo os 30% do orçamento não obrigatório das universidades federais pelo congelamento dos gastos.Durante as marchas realizadas há duas semanas, consideradas o primeiro movimento social de força enfrentado por Bolsonaro, os estudantes já haviam anunciado sua intenção de voltar às ruas. A decisão do governo de liberar alguns recursos para a educação não ameaçou o novo ato. "Estive na Câmara dos Deputados em uma audiência pública na última semana para tentar argumentar com o ministro da Educação contra os cortes, mas ele se recusa a nos ouvir. Então será pelas ruas que ele vai ter que entender. No dia 15 levamos mais de dois milhões de pessoas para as ruas e o próximo dia 30 tem tudo para repetir esse público", destacou a presidenta da UNE, Marianna Dias, em um comunicado da organização.Apesar de Bolsonaro ter baixado um pouco o tom em relação aos estudantes - que de "idiotas úteis", como chamou os estudantes no dia 15 de maio passou a classificá-los de "inocentes úteis" em entrevista recente -, o ministro da Educação voltou a culpar na quarta-feira os professores de estar "coagindo" os alunos para que compareçam aos protestas, em uma mensagem publicada nas redes sociais.Muito polêmico por suas críticas ao trabalho das universidades federais e enfrentado aos coletivos de estudantes, Weintraub assegurou igualmente que sua pasta está "fazendo um esforço muito grande para que o ambiente escolar não seja prejudicado por uma guerra ideológica que prejudica o aprendizado dos alunos". rs/gv/cc