Noruega pediu nesta quarta-feira desculpas oficiais às norueguesas que tiveram relações com soldados alemães durante a ocupação e que foram alvos de represálias após a derrota nazista
Noruega pediu nesta quarta-feira desculpas oficiais às norueguesas que tiveram relações com soldados alemães durante a ocupação e que foram alvos de represálias após a derrota nazista.Entre 30.000 e 50.000 norueguesas, apelidadas de "mulheres alemãs", mantiveram relações íntimas com soldados alemães durante a guerra, de acordo com uma estimativa do Centro Norueguês sobre o Holocausto e minorias religiosas.Além das humilhações públicas como ter o cabelo raspado, estas mulheres sofreram retaliações por parte das autoridades da Libertação: detenções sem fundamento legal, internamento sem julgamento, demissões, expulsões e privação da nacionalidade, algo inconstitucional."Logo após a Libertação, muitas meninas e mulheres norueguesas que tinham tido um relacionamento com soldados alemães, ou eram suspeitas (disso) foram vítimas de maus tratos", declarou a primeira-ministra norueguesa Erna Solberg durante um evento para comemorar o 70º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos."Hoje, em nome do governo, quero me desculpar", afirmou.Esse pedido de desculpa, que ocorre 73 anos após o fim da Segunda Guerra Mundial, quando poucas dessas mulheres ainda estão vivas, não significa qualquer compensação financeira para as famílias afetadas.Durante a guerra, mais de 300.000 soldados alemães ocuparam a Noruega, país neutro mas invadido pelos nazistas em 9 de abril de 1940."Nós não podemos dizer que as mulheres que tiveram relações com os alemães tomaram parte no esforço de guerra alemão. Seu crime foi de violar regras não escritas e normas morais", indicou a historiadora Guri Hjeltnes, qui dirige o Centro Norueguês de Estudos sobre Holocausto e minorias religiosas."Elas foram, no entanto, castigadas de forma muito mais severa do que aqueles que se aproveitaram da guerra", apontou.Nenhum dos 28 noruegueses que se casaram durante a guerra com mulheres alemães foi expulso ou privado de sua nacionalidade.Em 2000, Oslo pediu desculpas às cerca de 12.000 crianças nascidas de mães norueguesas e soldados alemães, que também sofreram discriminação. phy/pg/es/mb/mr