INTERNACIONAL

Noite de protestos termina em mais de 200 detidos na Tunísia

Mais de 200 pessoas foram detidas, e dezenas ficaram feridas em várias cidades da Tunísia - relatou o Ministério tunisiano do Interior nesta quarta-feira (10), após uma segunda noite de distúrbios causados por medidas de austeridade, sete anos depois da chamada "Primavera Árabe"

Estadão Conteúdo
10/01/2018 às 14:20.
Atualizado em 22/04/2022 às 10:41

Mais de 200 pessoas foram detidas, e dezenas ficaram feridas em várias cidades da Tunísia - relatou o Ministério tunisiano do Interior nesta quarta-feira (10), após uma segunda noite de distúrbios causados por medidas de austeridade, sete anos depois da chamada "Primavera Árabe".As manifestações pacíficas e esporádicas haviam começado na semana passada contra o aumento dos preços e medidas de austeridade em vigor desde o dia 1º e que incluem um aumento dos impostos.Os protestos degeneraram em distúrbios na segunda-feira à noite, especialmente em Túnis e Teburba, a oeste da capital, onde um homem faleceu durante uma manifestação.Um supermercado da rede Carrefour do sul da capital foi saqueado, informou o porta-voz do Ministério, Khlifa Chibani, acrescentando que 49 policiais haviam ficado feridos em confrontos em todo país.Ainda segundo ele, 206 pessoas foram detidas."Há saques e roubos, mas também uma mensagem política de uma parte da população que não tem nada a perder e que se sente ignorada pelo governo", sete anos após a Primavera Árabe exigindo emprego e dignidade, aponta o cientista político Selim Jarrat.Ele destaca que muitos edifícios públicos, símbolos do Estado, foram atacados, e que o governo "ainda não se posicionou com firmeza contra os manifestantes".Na terça à tarde e à noite, a Polícia e o Exército foram mobilizados em várias cidades, entre elas Tebourba, 30 km ao oeste da capital. Nessa localidade, centenas de jovens tomaram as ruas após o enterro de um homem de 45 anos morto nos distúrbios da noite anterior.Persiste a polêmica sobre as causas da morte desse homem que está sendo considerado um "mártir" pelos manifestantes. Os resultados da necropsia feita ontem não foram divulgados.O Ministério do Interior negou que ele tenha morrido nas mãos da Polícia e destacou que ele não apresentava qualquer sinal de violência. O porta-voz Khlifa Chibani disse apenas que o indivíduo tinha "problemas respiratórios".Também houve incidentes em Gafsa (sul), Kasserine (centro), ou Sidi Bouzid. Foi nesta última, em dezembro de 2010, que se deflagrou o protesto social que marcaria o início das "Primaveras Árabes".Esses incidentes acontecem em um contexto de reivindicações sociais no país contra as medidas de austeridade previstas pelo governo.Após vários anos de marasmo econômico e contratações em massa de funcionários, a Tunísia enfrenta dificuldades financeiras significativas.A inflação ultrapassou 6% no final de 2017, enquanto a dívida pública e o déficit comercial atingiram níveis preocupantes.Os ativistas da campanha "Fech Nestannew" ("O que estamos esperando"), lançada no início do ano contra o aumento dos preços, convocaram uma manifestação em massa na sexta-feira.O mês de janeiro é tradicionalmente marcado por protestos na Tunísia desde a revolução de 2011. O contexto é especialmente tenso este ano, em vista da celebração em maio das primeiras eleições municipais desde a Primavera Árabe.cnp/hj/me.zm/tt/mr

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