O presidente da China, Xi Jinping, assina vários acordos no Panamá nesta segunda-feira (3), com os quais busca ampliar, por intermédio do país centro-americano, o poder comercial e político de Pequim na América Latina, após a trégua alcançada com os Estados Unidos
O presidente da China, Xi Jinping, assina vários acordos no Panamá nesta segunda-feira (3), com os quais busca ampliar, por intermédio do país centro-americano, o poder comercial e político de Pequim na América Latina, após a trégua alcançada com os Estados Unidos.Primeiro presidente chinês a visitar o Panamá após o estabelecimento de relações diplomáticas em 2017, Xi deve firmar, junto com seu colega panamenho, Juan Carlos Varela, cerca de 20 acordos.O presidente chinês chegou ao palácio de Las Garzas, sede do governo panamenho, em meio a fortes medidas de segurança, onde foi recebido por Varela. "Revisaremos o avanço da relação bilateral entre Panamá e China em matéria de comércio, conectividade, cooperação, entre outros", tuitou Varela no domingo."Aspiramos a fortalecer os laços entre nossos países e o papel do Panamá como a grande conexão", acrescentou a vice-presidente e chanceler panamenha, Isabel de Saint Malo.Há dias, Xi manifestou que tinha "grandes expectativas" com a visita, que faz parte da estratégia "Uma Faixa, uma Rota", um conjunto de iniciativas de Pequim para investir em infraestruturas no mundo todo.Para alguns analistas, trata-se, no entanto, de uma tentativa chinesa de expansão global."Devemos ser sócios de cooperação de benefício mútuo e ganhos compartilhados (...) tomar 'Uma Faixa, uma Rota' como fio condutor para aprofundar sem cessar a cooperação bilateral", disse Xi, em entrevista ao jornal "La Estrella de Panamá".No Panamá, a China busca se tornar um ponto de conexão logística para a expansão de seu comércio, investimentos e diplomacia na América Latina, uma ideia abraçada sem reservas por autoridades e empresários panamenhos.A favor do país centro-americano está sua posição geográfica, um canal interoceânico, conectividade aérea e portuária, uma economia dolarizada com um crescimento de 5% e um sistema financeiro com mais de 100 bancos."Normalmente, o Panamá desperta muito interesse por sua estratégica posição geográfica na região e o Canal, que nos levou a desenvolver um modo logístico e financeiro sob um clima político estável", disse à AFP o presidente do Conselho Nacional da Empresa Privada (Conep), Severo Sousa.Isso "é muito atrativo" para "o interesse chinês e de outras potências" para se estender pela região através do Panamá, acrescenta.- China não faz 'caridade' -Junto com os Estados Unidos, a China é o segundo usuário do Canal do Panamá, pelo qual passam 5% do comércio mundial. Além disso, é a principal origem das mercadorias distribuídas no continente pela zona franca panamenha de Colón, a maior da região.O Panamá espera bilionários investimentos chineses em infraestrutura. Ambos os países negociam ainda um Tratado de Livre-Comércio, enquanto empresas chinesas começaram a ganhar licitações milionárias."Os chineses não são a mãe da caridade, nem uma instituição beneficente. É um país que tem sua própria agenda e suas próprias metas e que vem ao Panamá porque é importante para seu esquema da Faixa e da Rota", explica o economista Francisco Bustamante à AFP."O que os chineses querem é bem claro: eles querem aproveitar a posição geográfica para sua expansão e seu desenvolvimento na região", acrescenta Bustamante, que trabalhou para o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).Especialistas acreditam que o Panamá possa buscar na China um novo apoio internacional diante as acusações de paraíso fiscal e sua aparição em listas negras da União Europeia (UE), ou de organismos como a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE)."Uma forte presença da China no Panamá reafirma, diante do mundo, a ascensão da China na hierarquia global, à custa da queda dos Estados Unidos", avalia Carlos Guevara Mann, professor de Relações Internacionais da Florida State University, no Panamá."Ficar preso na rivalidade entre China e Estados Unidos seria sumamente problemático para o Panamá", porque "poderia acarretar represálias por parte de Washington", acrescentou.jjr/lda/tt