INTERNACIONAL

Na véspera da visita ao Reino Unido, Trump aconselha um Brexit sem acordo

O presidente americano Donald Trump recomendou ao Reino Unido que abandone a União Europeia (UE) sem acordo, um dia antes do início de sua visita de Estado ao país

AFP
02/06/2019 às 12:00.
Atualizado em 30/03/2022 às 21:08

O presidente americano Donald Trump recomendou ao Reino Unido que abandone a União Europeia (UE) sem acordo, um dia antes do início de sua visita de Estado ao país."Se não conseguirem o que querem, eu sairia", disse Trump em uma entrevista ao jornal britânico Sunday Times."Se você não consegue o acordo que deseja, se você não consegue um acordo justo, então você vai embora", insistiu Trump, que inicia na segunda-feira uma visita oficial de três dias ao Reino Unido.As declarações foram feitas pouco depois de Trump ter aproveitado outra entrevista para afirmar que o ex-ministro das Relações Exteriores Boris Johnson seria um "excelente" sucessor da primeira-ministra Theresa May, que anunciou no fim de maio sua renúncia por não ter conseguido a aprovação do Parlamento para seu acordo com a UE.O Reino Unido receberá Trump esta semana as grandes honras de uma visita de Estado, na qual o convidado é hóspede da rainha Elizabeth II no Palácio de Buckingham.O palácio será o cenário de um banquete na segunda-feira.A visita, que foi adiada em outra oportunidade, deve ser marcada por grandes protestos. O prefeito de Londres, Sadiq Khan, que já foi criticado por Trump, denunciou o caráter "divisivo" do presidente americano. A oposição não comparecerá ao banquete.- "Eu não pagaria" -Trump foi além na entrevista ao recomendar que Londres não pague a conta do acordo com Bruxelas pelos compromissos orçamentários existentes e outros valores."Se fosse eu, não pagaria 50 bilhões de dólares", disse, em referência ao que o Reino Unido teria que pagar pelo orçamento plurianual europeu em curso (2014-2020).May chegou a um acordo de divórcio com Bruxelas em novembro do ano passado, mas os deputados britânicos rejeitaram o plano três vezes, o que a obrigou a adiar a data de saída do bloco em duas oportunidades. Após o anúncio de sua renúncia, o Partido Conservador iniciou o processo para definir seu novo líder, com 13 candidatos já declarados. Johnson, um dos favoritos, já afirmou que a Grã-Bretanha deve abandonar a UE em 31 de outubro, com ou sem acordo. Os conservadores estão sob a pressão do Partido do Brexit, o mais recente veículo político do líder populista antieuropeu Nigel Farage, que venceu as eleições ao Parlamento Europeu no mês passado. Trump afirmou que o governo britânico havia cometido um "erro" ao não integrar Farage nas negociações com a UE."Eu gosto muito de Nigel. Ele tem muito a oferecer", disse o presidente americano,- Negociações sobre comércio -A futura relação comercial do Reino Unido com os Estados Unidos será crucial para a prosperidade do país após o Brexit e, provavelmente, será parte das conversas de Trump com May em Downing Street. A campanha a favor do Brexit considerou que a "relação especial" histórica com os Estados Unidos garantiria um acordo de livre comércio, mas algumas vozes temem que o Reino Unido seja obrigado a aceitar um acordo desequilibrado, dada a postura "America First" de Trump.O embaixador dos Estados Unidos na Grã-Bretanha, Woody Johnson, disse à BBC que Washington já está preparando o caminho para um acordo comercial e que este aconteceria "tão rapidamente como qualquer outro acordo que temos. Ele declarou esperar uma abertura da Grã-Bretanha aos produtos agrícolas americanos. Ao ser questionado sobre o acesso das empresas americanas ao valorizado Serviço Nacional de Saúde britânico - uma possibilidade polêmica -, ele respondeu que "todas as coisas que são comercializadas estarão sobre a mesa".

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