O procurador especial Robert Mueller negou nesta quarta-feira (29) que seu relatório sobre a interferência da Rússia na campanha eleitoral de 2016 isentasse Donald Trump de obstrução da justiça, mas disse que as políticas do Departamento de Justiça o impediram de acusar o presidente dos EUA
O procurador especial Robert Mueller negou nesta quarta-feira (29) que seu relatório sobre a interferência da Rússia na campanha eleitoral de 2016 isentasse Donald Trump de obstrução da justiça, mas disse que as políticas do Departamento de Justiça o impediram de acusar o presidente dos EUA.Em sua primeira declaração depois de supervisionar a investigação por dois anos, Mueller afirmou que, depois de detalhar pelo menos 10 possíveis atos de obstrução por parte de Trump, não foi possível garantir que o presidente não cometesse nenhum crime.As conclusões de Mueller confundiram o público após a publicação pela primeira vez de um resumo das 448 páginas de seu relatório. Quatro páginas feitas pelo procurador-geral, William Barr, com as quais Trump declarou sua total isenção."Um presidente não pode ser acusado de um crime federal enquanto está no exercício de suas funções. É inconstitucional", disse Mueller, sugerindo que qualquer ação adicional recaíria agora sobre o Congresso."Se tivéssemos certeza de que o presidente claramente não cometeu um crime, teríamos dito isso", disse Mueller. "No entanto, não determinamos se o presidente cometeu um crime". Trump, que descreveu a investigação russa como uma "caça às bruxas" e uma "fraude", falou do caso apenas alguns minutos depois que Mueller terminou sua declaração. "Nada muda em relação ao relatório Mueller, não havia provas suficientes e, nesse caso, em nosso país, a pessoa é inocente", tuitou Trump. "O caso está encerrado, obrigado!", acrescentou o presidente.No entanto, Jerry Nadler, o presidente democrata do Comitê Judiciário da Câmara, que cuida do processo de impeachment, disse que Mueller deixou claro que Trump estava "mentindo" sobre as conclusões do relatório. "Visto que o procurador especial Mueller não poderia fazer acusações contra o presidente, cabe ao Congresso responder por crimes, mentiras e outras irregularidades do presidente Trump, e nós o faremos", disse Nadler.- "Encontrar a verdade" -Em sua breve declaração televisiva, Mueller disse que culpar Trump pelo crime de obstrução da justiça "não era uma opção". "Seria injusto acusar alguém de um crime quando não houvesse resolução judicial da acusação real", disse ele. Ele enfatizou que a investigação de obstrução de Trump e de pessoas próximas a ele foi um aspecto "crítico" da investigação. "Quando um sujeito de uma investigação obstrui essa investigação ou mente para os investigadores, atinge o núcleo do esforço do governo para encontrar a verdade e culpar os responsáveis".Mueller também reiterou que seu relatório sobre a interferência da Rússia na campanha eleitoral de 2016 e a alegada obstrução à justiça de Trump não exonerou o presidente.- Pressão para impeachment -Mueller, ex-diretor do FBI, raramente era visto e conduziu a investigação em total sigilo, depois de ser nomeado para a função em 17 de maio de 2017.Sua nomeação surpreendeu Trump, que várias vezes tentou demiti-lo, segundo testemunhos de funcionários da Casa Branca aos investigadores.A declaração de Mueller ocorre em um momento em que os democratas no Congresso pressionam por seu testemunho sobre a investigação russa como um possível apoio nos esforços de impeachment contra o presidente.No entanto, Mueller deixou claro que não quer testemunhar, argumentando que essa é sua "posição final" e que seria inadequado falar mais sobre o assunto."Espero que esta seja a única vez que eu falo sobre essa questão", disse. "Eu tomo essa decisão pessoalmente, ninguém me disse se posso ou devo testemunhar ou falar mais sobre esse assunto."Mueller concluiu sua declaração reiterando o que considera ser a conclusão central de sua investigação: "Houve esforços múltiplos e sistemáticos para interferir" nas eleições presidenciais de 2016.