Para manifestantes, concurso é obsceno e pornográfico; competição começa domingo em Bali
Protesto pede o cancelamento do espetáculo por considerá-lo um desvio à moral (France Press)
Mais de 1.000 muçulmanos da ala dura protestaram nesta quinta-feira (5) contra o concurso de beleza Miss Mundo na Indonésia, país que abriga a competição, classificando-o de "obsceno e pornográfico" no maior dos protestos antes de seu início neste fim de semana. A oposição ao concurso no país de maioria muçulmana se intensificou na semana passada, quando manifestantes e alguns funcionários pediram o cancelamento do evento. Os organizadores suspenderam o famoso desfile de biquíni, mas esta decisão não serviu para apaziguar os mais conservadores e os protestos foram aumentando até o registro nesta quinta-feira do maior de todos. Cerca de 800 homens e mulheres do Hizbut Tahrir, um grupo da ala dura da Indonésia, se reuniram em Jacarta ante o ministério do Bem-Estar Social pedindo o apoio do governo para cancelar o concurso. Também se dirigiram à sede do grupo midiático MNC, que transmitirá o evento e é o organizador local, com cartazes nos quais era possível ler "MNC: propagando obscenidade e pornografia" e "Miss Mundo: concurso de desvio". "Vamos continuar protestando para dizer ao povo como esse evento é degradante para as mulheres", disse à AFP Zikra Asri, organizador do protesto, rodeado por mulheres utilizando o véu islâmico e vestidas de preto. Na cidade de Medan, na ilha de Sumatra, outros 500 integrantes do Hizbut Tahrir marcharam até os edifícios governamentais pedindo o cancelamento do concurso. Apesar da crescente oposição ao evento, os organizadores afirmaram que "o espetáculo deve continuar" e na quarta-feira insistiram que o concurso respeitará a cultura indonésia. O concurso de Miss Mundo começará no domingo na ilha de Bali, de maioria hindu e onde as mulheres utilizam pequenos trajes de banho sem medo de ofender alguém.