Hamilton Mourão afirma que no governo não há briga e quem decide sobre a vacinação é o presidente (Américo Mourão/VPR)
O vice-presidente Hamilton Mourão negou ontem vivenciar um atrito com o presidente Jair Bolsonaro por causa da vacina contra a Covid-19. Na semana passada, Mourão afirmou em entrevista à Veja que "é lógico" que o Brasil comprará doses da vacina chinesa, Coronavac, apesar de Bolsonaro negar essa possibilidade. "Aqui não há briga. Existem opiniões que hora coincidem e hora não, mas quem decide é o presidente e ele foi eleito para isso", disse Mourão quando questionado por jornalistas ao chegar à Vice-Presidência. "Não conversei com o presidente sobre o assunto, o que eu quis colocar ali é que é o seguinte, a vacina é uma vacina brasileira. Qualquer vacina vai ser produzida aqui no Brasil e, óbvio, o presidente vai tomar a decisão que for melhor para o conjunto da população brasileira, que é essa a responsabilidade dele", disse. Bolsonaro e o governador João Doria (PSDB), divergem sobre a obrigatoriedade da vacinação. Enquanto o presidente, que é candidato à reeleição em 2022, diz que o governo federal não obrigará a imunização, o governador de São Paulo, principal adversário de Bolsonaro, já afirmou que a vacina será obrigatória para os paulistas. No mês passado, o presidente revogou acordo feito pelo Ministério da Saúde para a compra de 46 milhões de doses da Coronavac, vacina da farmacêutica chinesa Sinovac que será produzida pelo Instituto Butantan. Mourão defendeu uma posição de cautela em relação ao imunizante contra a Covid-19. "Não é uma coisa tão simples. Muita gente fala 'começo do ano vai ter vacina', mas não é simples", disse. Segundo ele, estudos sobre a vacina ainda devem indicar, por exemplo, os grupos prioritários para tomar o imunizante ou se haverá contraindicação para alguma parcela da população. Estudos da vacina da Johnson & Johnson serão retomados A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou ontem a retomada dos estudos clínicos da vacina contra Covid-19 desenvolvida pela Janssen-Cilag, farmacêutica da Johnson & Johnson. Os testes estão suspensos desde 12 de outubro, quando um voluntário dos Estados Unidos foi acometido por "doença inexplicada". "Após avaliar os dados do evento adverso e as informações do Comitê Independente de Segurança, além de dados da autoridade regulatória norte-americana (Food and Drugs Administration, FDA), a Anvisa concluiu que a relação benefício e risco se mantém favorável e que o estudo poderá ser retomado.” O estudo da Janssen está sendo conduzido em 11 Estados brasileiros, com previsão de envolver até 7.560 pessoas com mais de 18 anos. Quando os testes foram suspensos, 12 voluntários, todos do Rio, haviam recebido dose da vacina ou do placebo. Na época, a empresa informou que efeitos adversos sérios são "parte esperada de qualquer ensaio clínico, especialmente um grande". A meta era inscrever até 60 mil voluntários em países como Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México, Peru e África do Sul. "É importante destacar que a Anvisa continuará acompanhando os eventos adversos observados durante o estudo e, caso seja identificada qualquer situação grave com voluntários brasileiros, irá tomar as medidas previstas nos protocolos para investigação criteriosa desses eventos", frisou o comunicado.