"Podemos demitir-nos, mas o faremos em espírito de cooperação com os que vierem", declarou Varoufakis, em entrevista à rádio pública australiana ABC
Varoufakis admite demissão do governo dependendo do resultado do referendo de domingo (Aris Messinis/France Press)
Yanis Varoufakis afirmou nesta quinta-feira que deixará o cargo de ministro das Finanças da Grécia se o 'Sim' vencer o referendo do próximo domingo (5). Em uma entrevista ao canal Bloomberg, ele foi questionado se permanecerá como ministro das Finanças na segunda-feira em caso de vitória do 'Sim' e respondeu: "Deixarei de ser". O referendo tem como objetivo saber se os gregos aceitam ou não as propostas financeiras e de reforma dos credores do país, em troca do repasse de ajuda a Atenas. O governo de esquerda radical do partido Syriza faz campanha pelo 'Não'. Segundo o primeiro-ministro Alexis Tsipras, as propostas dos credores aumentam a austeridade e não resolvem o problema da grande dívida pública da Grécia (180% do PIB). Temor Vários líderes europeus temem que uma vitória do 'Não' leve a Grécia a deixar o euro, uma opinião que não é compartilhada por Varoufakis. "Se o 'Não' vencer, como recomendamos ao povo grego, começaremos imediatamente a negociar e, acreditem, existirá um acordo com bases muitos diferentes ao das instituições credoras" (FMI, BCE e Comissão Europeia), disse o ministro das Finanças.As propostas feitas pelos credores foram apresentadas na semana passada "no modo 'pegar ou largar'", afirmou Varoufakis. O ministro reiterou que a consulta de domingo não é um referendo sobre a permanência da Grécia na união monetária. Fica "Queremos desesperadamente seguir no euro, apesar de criticarmos seu marco institucional", afirmou. Varoufakis descartou a possibilidade e a capacidade do país retornar ao dracma. "Não temos a capacidade para fazê-lo", declarou à rádio australiana ABC. "Não temos prensas para imprimir cédulas".A Grécia abriu mão das prensas em 2000, um ano antes do país entrar na zona do euro, pois esta é concebida como uma "união monetária irreversível", explicou o ministro.