INTERNACIONAL

México está otimista em evitar tarifas dos EUA, mas Trump se mantém firme

O México se mostrou "otimista" nesta terça-feita (4) em evitar que os Estados Unidos imponham tarifas sobre as suas exportações caso a imigração irregular persista, mas o presidente Donald Trump pareceu minar as esperanças de uma rápida solução

AFP
04/06/2019 às 16:10.
Atualizado em 31/03/2022 às 00:45

O México se mostrou "otimista" nesta terça-feita (4) em evitar que os Estados Unidos imponham tarifas sobre as suas exportações caso a imigração irregular persista, mas o presidente Donald Trump pareceu minar as esperanças de uma rápida solução."Vamos ver se podemos fazer alguma coisa, mas acho que é mais provável que as tarifas sigam adiante", disse Trump em Londres, durante visita de Estado ao Reino Unido, assegurando que não aceitará desculpas e que cumprirá sua ameaça.Da Cidade do México, o presidente Andrés Manuel López Obrador (AMLO), se disse "otimista" sobre alcançar um acordo e afirmou estar disposto a se reunir com Trump caso seja necessário para evitar que as tarifas entrem em vigor."Se for necessário, vamos fazer isso, mas primeiro vamos deixar que aconteça o encontro de amanhã", afirmou AMLO a jornalistas depois que seu chanceler, Marcelo Ebrard, previu em Washington grandes chances de um acordo com o governo Trump.Ebrard deve se reunir na quarta-feira com seu colega americano, Mike Pompeo, para analisar o tema."Acredito que temos 80% (de chance) em favor de uma negociação, 20% talvez de que seja difícil chegar a um acordo neste momento", disse Ebrard, à frente da delegação enviada imediatamente por AMLO à capital americana após a surpreendente ameaça de Trump.Trump surpreendeu na última quinta-feira, ao anunciar que os Estados Unidos aplicarão, a partir de 10 de junho, tarifas de 5% a todos os bens provenientes do México. O percentual aumentará progressivamente até chegar a 25% a partir de 1º de outubro, se seu vizinho do sul não contiver o crescente fluxo de imigrantes em situação ilegal que chegam à fronteira americana. A maioria é centro-americana, procedente de Guatemala, Honduras e El Salvador.- Fed atento -"Partindo da base de que o México já está fazendo um esforço muito grande, compartilhamos a preocupação e pensamos que tem solução o grande aumento do fluxo migratório que estamos vendo", afirmou Ebrard.Pouco depois, em coletiva de imprensa em Londres, Trump insistiu em que o governo de AMLO "não deveria permitir que milhões de pessoas" tentassem cruzar a fronteira que separa o México dos Estados Unidos."O México tem que fazer mais para frear esse ataque, essa invasão a nosso país", disse.O número de migrantes detidos na fronteira entre ambos os países superou os 100.000 mensais nos últimos meses, segundo dados do governo americano.A guerra comercial empreendida por Trump, intensificada recentemente contra China e México, não passa despercebida para o Banco Central americano. O presidente da instituição disse nesta terça que acompanha de perto os efeitos dessa disputa sobre a economia nacional. "Vigiamos de perto o impacto que os acontecimentos podem ter nas perspectivas de crescimento da economia dos Estados Unidos, e, como sempre, atuaremos para apoiar a expansão", disse Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed), durante discurso em Chicago.- Republicanos contra Trump? -No Congresso americano, o próprio Partido Republicano de Trump, tradicionalmente oposto às medidas protecionistas, está incomodado com o anúncio do presidente. Tanto que alguns legisladores estariam avaliando organizar uma votação para bloqueá-la, segundo o jornal The Washington Post."Acho que é uma má ideia", disse o senador republicano Cory Gardner a jornalistas na noite de segunda-feira.Ebrard não quis comentar a reportagem do Post, enquanto Trump afirmou que seria uma "burrice" os republicanos votarem contra ele, lembrando que conta com uma imensa popularidade nas bases do partido, de mais de 90%. Estados Unidos e México têm até domingo à noite para chegarem a um acordo para conter uma possível escalada que gera preocupações nos circuitos econômicos e nos mercados de ambos os países.O México diz estar confiante em encontrar "um ponto de aproximação" com os Estados Unidos, mas também está "preparado" para um cenário de não negociação, garantiu Ebrard, sugerindo que o governo de AMLO poderá considerar represálias. Os funcionários do governo mexicano, contudo, alertam que o uso de tarifas como eventuais medidas de retaliação podem ser prejudiciais para as economias.O presidente comunicou sua intenção de aplicar tarifas no mesmo dia em que os Congressos de ambos os países iniciaram o processo para ratificação do T-MEC, o novo acordo de livre comércio da América do Norte que substituirá o Nafta. Este tratado é vital para o México, que envia 80% de suas exportações para os Estados Unidos.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por