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Mercosul busca união contra crise

Os presidentes do Mercosul, reunidos ontem na primeira cúpula virtual do bloco, apostaram no trabalho conjunto para enfrentar a pandemia

France Press
03/07/2020 às 09:33.
Atualizado em 28/03/2022 às 23:44
O presidente uruguaio, Luís Lacalle Pou, novo líder do Mercosul, defende maior aproximação com a China (Walter Paciello/Presidência Uruguaia/AFP)

O presidente uruguaio, Luís Lacalle Pou, novo líder do Mercosul, defende maior aproximação com a China (Walter Paciello/Presidência Uruguaia/AFP)

Os presidentes do Mercosul, reunidos ontem na primeira cúpula virtual do bloco, apostaram no trabalho conjunto para enfrentar a pandemia de Covid-19 que causa estragos na América Latina, e expressaram a vontade de efetivar o acordo comercial com a União Europeia.  "Os próximos meses serão grandes desafios para todos. Um deles é conciliar a proteção da saúde das pessoas com o imperativo de recuperar a economia", disse o presidente Jair Bolsonaro, amplamente criticado pela forma como lida com a pandemia no segundo país mais afetado no mundo pela Covid-19. "Estou certo de que o Mercosul faz parte das soluções que estamos construindo", acrescentou, nesta reunião em que o Paraguai transferiu a presidência pro tempore do bloco para o Uruguai.  A América Latina é atualmente o epicentro da pandemia, que já infectou mais de 10,7 milhões de pessoas em todo o mundo fez mais de 500.000 vítimas. O Brasil tornou as medidas de confinamento mais flexíveis com uma reativação progressiva da economia, apesar da curva de contágio continuar aumentando.  O presidente argentino, Alberto Fernández, que empregou todos os seus esforços para desacelerar a progressão da doença, apesar de seus efeitos devastadores na economia e acabou de reforçar as medidas de isolamento social, afirmou que "ninguém se salva sozinho", em alusão a uma frase do Papa Francisco.  "Somos o continente mais desigual na distribuição de renda e temos que enfrentar esse desafio (da Covid-19), sabendo que estamos enfrentando a maior crise mundial", destacou Fernández. A flexibilidade do Mercosul, que não permite que seus membros façam acordos comerciais sem o consentimento de seus parceiros, é uma questão central na agenda que o Uruguai promoverá no bloco à frente da presidência pro tempore até dezembro.  O presidente argentino pediu ao alto comissário de Relações Exteriores da União Europeia, Josep Borrell, presente na reunião, apoio para a ratificação dos acordos pelos 27 países da UE.  O presidente uruguaio, Luis Lacalle Pou, propôs o fortalecimento das relações comerciais com a China, um importante destino para as exportações agrícolas do Mercosul.  Ele pediu para que não se caia "na falsa dicotomia" de estar mais próximo dos Estados Unidos ou da China. "Esta região tem a vocação de alimentar o resto do mundo. Vamos lá. A China manifestou repetidamente seu interesse em aprofundar suas relações com o Mercosul. Acho que há uma espécie de omissão de nosso bloco em responder", ressaltou. Presidentes de países associados ao Mercosul, como Sebastián Piñera, do Chile, e Iván Duque, da Colômbia, também participaram da cúpula. Bolsonaro diz que Brasil está pronto para acordos O presidente Jair Bolsonaro disse que seu governo está pronto para promover novos acordos comerciais do Mercosul com países terceiros e pediu a entrada antecipada em vigor do pacto alcançado no ano passado com a União Europeia (UE), durante uma cúpula virtual do bloco ontem. O Brasil está pronto para realizar negociações abertas com o Canadá, Coreia do Sul, Singapura e Líbano, expandir acordos existentes com Israel e Índia e abrir novas frentes na Ásia, afirmou Bolsonaro durante reunião por teleconferência devido à pandemia de Covid-19. Bolsonaro manifestou ainda o interesse em conduzir as negociações com países da América Central e do Caribe.  Em seu discurso, breve e lido na íntegra, o presidente brasileiro disse estar satisfeito com o progresso na reestruturação interna do Mercosul e destacou a reforma da tarifa externa comum, que segundo ele se tratou de "uma medida indispensável para consolidar o Mercosul".  O presidente também elogiou as conversas que ocorreram neste semestre nos setores automotivo e açucareiro.  Segundo ele, um dos desafios dos próximos meses será conciliar a proteção da saúde das pessoas com a recuperação da economia. "Tenho certeza de que o Mercosul faz parte das soluções que estamos construindo", afirmou.  Bolsonaro se referiu à polêmica questão do desmatamento na Amazônia e disse que seu governo continuará o diálogo com diferentes interlocutores para desfazer o que chamou de "opiniões distorcidas" sobre o Brasil. O acordo de livre-comércio entre o Mercosul e União Europeia ainda não foi ratificado em função das ações do governo brasileiro com relação à Amazônia que geram desmatamento e riscos aos povos indígenas. Em relação à Venezuela, defendeu que o país retome "o caminho da liberdade o mais rápido possível" e, em relação à Bolívia lamentou que, contrariamente à sua vontade, que o vizinho não tenha participado dos trabalhos desse semestre no bloco regional.

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