Denunciado por agressões sexuais por quase 500 mulheres, o médium João de Deus alegou nesta quarta-feira (12) sua inocência ao aparecer pela primeira vez em público desde a explosão do escândalo
Denunciado por agressões sexuais por quase 500 mulheres, o médium João de Deus alegou nesta quarta-feira (12) sua inocência ao aparecer pela primeira vez em público desde a explosão do escândalo."Não tenho culpa", declarou o médium, de 76 anos, diante de centenas de pessoas vestidas de branco e vindas de todas as partes do mundo para manifestar seu apoio, em meio a gritos, aplausos e lágrimas.João Teixeira de Faria, seu nome verdadeiro, chegou às 9h em um modesto carro branco na cidade de cidade Abadiânia, no estado de Goiás, onde oficia seu culto semanalmente.Avançou protegido por seus colaboradores, em meio a um grande alvoroço de câmeras que o seguiram até a sala de oração no templo da Casa Dom Inácio de Loyola.No interior do templo, falou algumas palavras e voltou a sair cercado por colaboradores e pela imprensa."Ele está abalado, não pode falar e não pode incorporar. Para fazer o trabalho espiritual, tem de estar relaxado", explicou Cláudio José Pruja, voluntário há 21 anos nesta casa de peregrinação fundada em 1976.João de Deus foi acusado por centenas de mulheres em vários estados de ter abusado sexualmente delas, sob o pretexto de curá-las de doenças que vão da depressão ao câncer.As denúncias remontam a 2010. O escândalo estourou quando a TV Globo divulgou as denúncias de dez mulheres, entre elas a coreógrafa holandesa Zahira Leeneke Maus, que disse ter sido estuprada pelo médium.Outras declararam, sob anonimato, que foram obrigadas a se masturbar, ou realizar sexo oral, em sessões de "cura espiritual".O médium nega com veemência todas as acusações, afirmou seu advogado, Alberto Toron.Sua assessora de comunicação, Edna Gomes, declarou nesta quarta que João "está bem, sereno e aberto para que a Justiça apure as denúncias"."Nunca vi nada nesse sentido (sobre as acusações). A Justiça vai apurar. Até então, ele é uma pessoa inocente", acrescentou.A reputação do curandeiro cruzou fronteiras. Em 2012, ele recebeu a visita da estrela da televisão americana Oprah Winfrey.Os três últimos presidentes brasileiros também foram seus pacientes: Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) e sua sucessora, Dilma Rousseff (2011-2016), ambos pacientes com câncer no passado, e o atual presidente Michel Temer, que o visitou antes de uma operação de próstata.A imprensa brasileira afirma que as denúncias poderão afetar a indústria do "turismo espiritual" de Abadiânia, uma cidade de 15.000 habitantes.jm/js/lg/gv/cn/tt