ISTAMBUL

Manifestantes mantêm protestos contra o primeiro-ministro turco

No início da manhã, os manifestantes começaram a chegar à praça Taksim de Istambul

France Press
08/06/2013 às 10:28.
Atualizado em 25/04/2022 às 12:54

Milhares de turcos voltaram a sair às ruas neste sábado (8) para protestar contra o governo, um desafio direto ao primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan que pediu o fim das manifestações, inéditas desde que ele chegou ao poder há uma década.

No início da manhã, os manifestantes começaram a chegar à praça Taksim de Istambul, o epicentro dos protestos, dispostos a organizar mais um fim de semana de protestos, com mais barracas ao famoso parque Gezi, cujo projeto de reforma provocou a maior crise política desde o início do governo islamita conservador em 2002.

"Há uma semana jamais poderia me imaginar dormindo nas ruas de Istambul", disse à AFP Aleyna, um manifestante que passou a noite ao relento.

"O primeiro-ministro tenta todos os dias dividir a população. Fala apenas de seus 50% (50% dos eleitores votaram em seu partido em 2011] e atua contra a outra metade", disse o estudante Eroy Dilek, de 21 anos, que prometeu o retorno dos manifestantes todos os dias até a renúncia de Erdogan.

Durante o fim de semana estão previstas manifestações e concentrações nos principais focos dos protestos, em Istambul, Ancara e Izmir (oeste).

Os ativistas criticam o primeiro-ministro pelo que consideram um exercício autoritário do poder e o acusam de querer islamizar a sociedade turca.

Criticado no país e no exterior pela brutalidade da repressão policial aos protestos, Erdogan suavizou na sexta-feira o discurso inflexível que mantinha desde a semana passada contra os manifestantes, que chamou de "vândalos" e "extremistas".

"Somos contrários à violência, ao vandalismo e às ações que ameacem os outros em nome da liberdade", declarou em Istambul, antes de destacar que receberá todos os que "venham com exigências democráticas".

A União Europeia e várias entidades de defesa dos direitos humanos criticaram o uso excessivo da força contra os manifestantes.

O primeiro-ministro turco, no entanto, denunciou o "discurso duplo" dos países ocidentais.

"Em qualquer país da Europa, quando há um protesto violento contra um projeto de demolição deste tipo, acreditem, os que estão envolvidos são reprimidos com ainda mais severidade", disse, antes de citar Grécia, França e Alemanha.

Até o momento dois manifestantes e um policial morreram nos protestos, enquanto 4.785 pessoas ficaram feridas.

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