"O Alcorão acima da constituição", "Aplicação da sharia", lia-se em alguns dos cartazes
Cerca de 2.000 islamitas ultraconservadores realizaram nesta sexta-feira uma manifestação na emblemática praça Tahrir, do Cairo, para pedir a aplicação da "sharia" (lei islâmica), um assunto que gera intensos debates na comissão encarregada de redigir a futura Constituição.
"O Alcorão acima da constituição", "Aplicação da sharia", lia-se em alguns dos cartazes carregados pelos manifestantes pela praça que se tornou o símbolo da luta popular que derrubou o governo de Hosni Mubarak em fevereiro de 2011, constatou um jornalista da AFP.
"Pão, liberdade e sharia', pedia outro cartaz.
A Irmandade Muçulmana, de onde surgiu o atual presidente Mohammed Mursi, e o principal partido salafista, Al Nur, anunciaram que não participarão desta manifestação, batizada de "Sexta-feira da Aplicação da Sharia" e lançada por grupos fundamentalistas, como a Frente Salafista e o Gamaa Islamiya.
Os manifestantes pediam nesta sexta-feira o reforço da sharia na futura constituição egípcia. Os "Princípios da Sharia Islâmica" já haviam sido propostos como a fonte principal da legislação em uma Constituição que foi suspensa pelos militares após a queda de Mubarak.
Os ultraconservadores muçulmanos desejam substituir o termo "princípios" por "preceptor", ou diretamente por "Sharia", ideia rejeitada por liberais e laicos.