CARTA

Maduro pede a Obama que não ataque a Síria

Já Cuba condenou o ataque e pediu ao Congresso americano que repudie a possível guerra

Da France Press
02/09/2013 às 07:48.
Atualizado em 25/04/2022 às 22:46
Venezuelano pede que não se repitam os expedientes como os do Iraque, Afeganistão e Líbia (France Press)

Venezuelano pede que não se repitam os expedientes como os do Iraque, Afeganistão e Líbia (France Press)

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, enviou neste domingo (1) uma carta ao colega americano, Barack Obama, pedindo que detenha a eventual intervenção militar na Síria e unam esforços, "acima das diferenças", para evitar uma guerra. "Aspiro e espero que você retifique e proceda a deter a máquina bélica que já pôs em andamento. Aspiro e espero que o senhor faça cessar o soar fúnebre dos tambores de guerra sobre a Síria", escreveu Maduro na missiva, enviada este domingo a Obama e divulgada pelo canal estatal VTV. O presidente venezuelano pediu ao colega americano que "acima das diferenças" entre as duas nações pudessem "unir esforços (...) em defesa da causa da paz" e para evitar que se repitam "expedientes" como os de Iraque, Afeganistão ou Líbia. Nos atos oficiais dos últimos dias, na Venezuela e no exterior, o presidente venezuelano solicitou reiteradamente a Obama que cesse suas pretensões de intervir militarmente em Damasco e prometeu na quinta-feira passada o rápido envio da nota que divulgou este domingo. Maduro também lembrou a Obama a declaração assinada pelos líderes dos 12 países-membros da União de Nações Sul-americanas (Unasul), em Paramaribo, Suriname, onde expressaram sua "extrema" preocupação com a situação na Síria e condenaram "as intervenções externas que sejam incompatíveis com a Carta das Nações Unidas". No sábado, Obama anunciou na Casa Branca a decisão de pedir autorização ao Congresso do seu país para atacar a Síria, apesar de a ONU ter pedido um prazo para apresentar um relatório "imparcial" e "confiável" sobre o uso das armas químicas. "Presidente Obama, o senhor vai declarar e desencadear uma guerra para favorecer a chegada ao poder da Al-Qaeda na República Árabe Síria?", questionou Maduro na carta. "Que o povo sírio dirima por si próprio seus conflitos, sob o sagrado direito à livre determinação que investe todas as nações", prosseguiu. "Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus", acrescentou a missiva.CubaCuba condenou este domingo, por meio de uma declaração de sua chancelaria, a decisão do presidente americano, Barack Obama, de atacar a Síria e pediu ao Congresso dos Estados Unidos que repudie estas "tentativas de agressão", assim como fez o Parlamento britânico. Cuba "tomou conhecimento com profunda preocupação" da decisão de Obama "de lançar ações militares contra a Síria", violando o "Direito Internacional e a Carta das Nações Unidas", destacou o Ministério de Relações Exteriores de Havana em sua declaração. A chancelaria cubana destacou que estas ações "provocarão mais morte e destruição e levarão, inevitavelmente, à intensificação do conflito que esta nação árabe atravessa". O presidente americano anunciou no sábado a decisão de pedir o aval do Congresso, em recesso até 9 de setembro, antes de lançar um eventual ataque contra a Síria, país ao qual acusa de ter recorrido a armas químicas. "Surge a pergunta de o que o Congresso dos Estados Unidos fará quando retomar suas sessões, no próximo 9 de setembro, e tenha que decidir entre o início de uma nova guerra e a preservação da paz mundial, entre a vida e a morte", acrescentou a chancelaria cubana. "Sim, assim como o Parlamento britânico, rejeitasse as tentativas de agressão anunciadas pelo presidente, terá feito uma contribuição valiosa e surpreendente para a paz mundial" mas, destacou, "se o aprovar, terá que assumir as consequências diante dos implacáveis registros da História". Na quinta-feira, o Parlamento britânico rejeitou esta quinta-feira uma proposta do governo de David Cameron que abria as portas a uma resposta militar contra o regime sírio. A chancelaria cubana pediu aos membros do Conselho de Segurança da ONU e sua Assembleia-geral para deter "uma intervenção militar que ameaça a segurança internacional" e ao seu secretário-geral, Ban Ki-moon, a "se envolver diretamente em impedir os atos que o presidente dos Estados Unidos deu como fatos quase inevitáveis". Cuba fez um apelo similar aos membros do G20, que se reunirão nas próximas quinta e sexta-feira em São Petersburgo, na Rússia, aos "formadores de opinião dos Estados Unidos" e "a todos aqueles que rejeitam a guerra".

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