INTERNACIONAL

León, bastião histórico do sandinismo, pede mudanças a Ortega

A cidade de León, um dos maiores bastiões da esquerda sandinista na Nicarágua, conhecida por suas batalhas contra a ditadura 'somozista', agora diz ao governo de Daniel Ortega que se cansou da repressão e do autoritarismo

AFP
24/04/2018 às 22:40.
Atualizado em 28/04/2022 às 06:42

A cidade de León, um dos maiores bastiões da esquerda sandinista na Nicarágua, conhecida por suas batalhas contra a ditadura 'somozista', agora diz ao governo de Daniel Ortega que se cansou da repressão e do autoritarismo."Acredito que León se cansou, é possível que sejamos sandinistas, mas não 'danielistas'. O povo se cansou de ser reprimido e de ser intimidado", disse à AFP Eliza Rodríguez, uma colaboradora do albergue San Vicente, onde foram socorridos manifestantes feridos nos confrontos com a polícia de choque durante os protestos da última semana."Acredito que toda a Nicarágua, e não apenas León, quer a saída (de Ortega e da vice-presidente Rosario Murillo). É o meu povo que está morrendo e isto não pode continuar", declara a mulher sobre os 27 mortos e dezenas de feridos na repressão aos protestos.As manifestações começaram na semana passada, após um pacote de reformas da Previdência que elevou as contribuições de patrões e empregados e reduziu o valor das aposentadorias."É preciso uma mudança total, que haja mais liberdade de expressão, mais apoio das autoridades ao povo e não que as autoridades prejudiquem o povo", disse Carlos Gutiérrez, um pedreiro de 26 anos, enquanto observa o centro universitário da cidade queimado durante os distúrbios."Queremos mudança e, se possível, que partam", declarou María del Socorro Pérez, 32 anos, para quem no país "não há liberdade de expressão e todas as instituições estão partidarizadas".León, que tem sido governada pela Frente Sandinista desde a vitória da revolução, em 1979, conserva as ruas estreitas e as casas de paredes altas da arquitetura herdada da colonização espanhola, que testemunharam grandes batalhas pela independência e a luta contra a ditadura da família Somoza, que governou a Nicarágua de 1936 a 1979.No bairro de Posada del Sol de León, os moradores lembram como na noite de sexta-feira um grupo de jovens queimou a rádio opositora Darío para evitar que transmitisse as manifestações contra o governo."A ideia era acabar com a rádio que se caracteriza pela liberdade de expressão", disse à AFP o jornalista Lester Hernández, que conseguiu escapar do incêndio por uma janela, como as demais treze pessoas que estavam no local."É uma situação terrível que o país vive. Acredito que chegou a hora de mudar", declarou Hernández diante dos escombros da rádio."Ortega é como Somoza, são a mesma coisa", resumiu o ex-guerrilheiro sandinista Sergio Medrano, de 59 anos, que lutou contra a antiga ditadura "por uma vida melhor e para viver em liberdade".bm/mas/lr

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