SENTENÇA

Júri federal dos EUA condena Dzhokhar Tsarnaev à pena de morte

O jovem muçulmano de origem chechena foi considerado coautor do atentado contra a maratona de Boston, em 2013, no qual três pessoas morreram e 264 ficaram feridas

France Press
15/05/2015 às 23:14.
Atualizado em 23/04/2022 às 13:26
Muçulmano de origem chechena, Tsarnaev foi declarado culpado há um mês por este atentado cometido em 15 de abril de 2013 (France Press)

Muçulmano de origem chechena, Tsarnaev foi declarado culpado há um mês por este atentado cometido em 15 de abril de 2013 (France Press)

Um júri federal americano condenou à pena de morte, nesta sexta-feira (15), Dzhokhar Tsarnaev, coautor do atentado contra a maratona de Boston, em 2013, no qual três pessoas morreram e 264 ficaram feridas.A sentença contra o jovem muçulmano de origem chechena, de 21 anos, foi proferida após 14 horas de deliberações, nas quais o júri considerou Tsarnaev culpado de seis das 17 acusações passíveis de pena capital.Em 8 de abril, o mesmo júri de 12 pessoas havia considerado Tsarnaev culpado das 30 acusações atribuídas a ele no pior ataque em solo americano desde 11 de setembro de 2001.A sala de audiências dos tribunais federais da capital de Massachusetts (nordeste) ficou em absoluto silêncio durante a leitura do veredito.Para a secretária americana de Justiça, Loretta Lynch, a condenação é a adequada para Tsarnaev."A pena capital é uma sanção adequada para este crime horrível, e temos a esperança de que a conclusão do processo permita às vítimas e a seus familiares virar esta página", afirmou, falando de Washington.Rebekah Gregory, que perdeu a perna no atentado, disse que, agora, espera "com ansiedade o dia em que tudo tenha realmente acabado"."Espero que esse veredito dê algum tipo de desfecho para os sobreviventes, familiares e todos aqueles atingidos pelos trágicos acontecimentos de 2013", declarou o prefeito de Boston, Marty Walsh.O pai do jovem, Anzor Tsarnaev, que vive no Daguestão (Rússia), disse ao canal americano ABC que era uma notícia "dura" e que continuarão "lutando até o fim" para tentar salvar o filho."Tínhamos esperanças e ainda temos", completou.Nenhuma pessoa foi executada no estado de Massachusetts desde 1947. Desde que se voltou a aplicar a pena capital em nível federal em 1988, 79 indivíduos foram condenados. Destes, três foram executados, de acordo com o Centro de Informação da Pena de Morte.Um rapaz perdido Muçulmano de origem chechena, Tsarnaev foi declarado culpado há um mês por este atentado cometido em 15 de abril de 2013. Na ocasião, duas bombas caseiras explodiram quase simultaneamente perto da linha de chegada da disputada maratona de Boston.Ele também foi declarado culpado pela morte de um policial, que não resistiu a ferimentos e faleceu três dias depois do ataque. Pelo menos 30 acusações pesam contra o rapaz, e 17 delas são passíveis de receber a pena de morte.O irmão mais velho do réu, Tamerlan, de 26 anos, foi abatido pela polícia durante a fuga.Durante o processo que durou mais de dois meses e meio, o promotor federal adjunto, Steve Mellin, afirmou que ambos os irmãos tiveram o mesmo nível de envolvimento no atentado.Segundo Mellin, o ataque foi cometido em vingança pelas guerras dos Estados Unidos no Iraque e no Afeganistão."A única pena que fará justiça nesse caso é a pena de morte", declarou Steve Mellin, diante do júri, nas alegações finais do processo realizadas esta semana."Nenhum remorso, nenhuma desculpa. São as palavras de um terrorista convencido de que fez a coisa certa. Achou justificado matar, mutilar e ferir gravemente inocentes, homens, mulheres e crianças", completou.Em suas alegações, a advogada de defesa Judy Clarke, uma das melhores especialistas em pena capital no país, retratou um jovem impressionável, influenciado pelo irmão mais velho - "o verdadeiro autor intelectual dos ataques" -, uma vida familiar sem raízes, um pai doente mental e uma mãe "intimidadora".Judy apresentou 21 circunstâncias atenuantes, como a idade de Tsarnaev, com apenas 19 anos no momento dos ataques; a dominação por parte do irmão; e o depoimento de uma freira, segundo a qual o rapaz teria lamentado o que fez."Mostramos que Jahar Tsarnaev [nome americano do réu] não era o pior do pior, e é para esses que a pena de morte está reservada", alegou Judy."Jahar nunca teria feito isso sem Tamerlan. A tragédia não teria ocorrido sem Tamerlan", insistiu."Não tinha antecedentes criminais, tinha amigos, era leal, divertido, tímido", continuou a advogada, descrevendo o jovem que chegou aos Estados Unidos com apenas oito anos e que obteve nacionalidade americana em 2012.

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