Todo mundo de branco, o brilho do ambiente, o campanhe. Tudo isso encanta Kay Barns, que, como centenas de americanos, viajou para Cuba para participar no primeiro Jantar de Branco do país caribenho, um piquenique gigante de inspiração francesa
Todo mundo de branco, o brilho do ambiente, o campanhe. Tudo isso encanta Kay Barns, que, como centenas de americanos, viajou para Cuba para participar no primeiro Jantar de Branco do país caribenho, um piquenique gigante de inspiração francesa.Ignorando as tensões diplomáticas entre Havana e Washington, o evento aconteceu na noite de sábado nos jardins com vista para o mar do Hotel Nacional de Havana, um lugar emblemático visitado por Ava Gardner, Frank Sinatra ou Marlon Brando.Como exige o protocolo, o lugar da festa foi mantido em segredo até o último minuto.Trajes extravagantes, máscaras e chapéus de plumas foram resgatados dos armários para este jantar animados por uma orquestra, e em que participaram cerca de 500 pessoas, sendo 80% de americanos e cerca de 70 cubanos."Veja como é lindo, um mar de cores, um mar de nacionalidades, todos reunidos aqui em Cuba, que símbolo maravilhoso de unidade", declarou Kay animadamente, usando uma coroa de plumas brancas.Aos 43 anos, é quase uma profissional dos Jantares Brancos, depois de comparecer a 47 edições desse evento.- 90 jantares no mundo -Nascido na França, este piquenique tornou-se um evento internacional, que hoje é organizado em 90 cidades, incluindo Nova York, Bangcoc e Sydney. "O Jantar de Branco nasceu devido à falta de espaço no meu jardim", lembrou o AFP François Pasquier, que viajou especialmente para a ilha para participar na festa.Foi precisamente Pasquier quem, em 1988, teve a idéia de convidar seus amigos para um piquenique em Bois de Boulogne, periferia de Paris, com instruções para vestir-se de branco para que todos pudessem se encontrar facilmente. Ao longo dos anos, o número de convidados cresceu e assim como a fama do evento.Mais tarde, foi seu filho Aymeric, também presente em Havana, que lançou a aventura internacional, primeiro em Montreal em 2009 e depois em Nova York em 2012."Foi um sucesso e muitas pessoas queriam fazer o mesmo, então decidimos ajudá-los e, invés de tentar organizar o Jantar de Branco em todo o mundo, demos a eles o direito de usar a marca", que se tornou uma franquia, explicou Aymeric.Em Cuba, havia uma dificuldade adicional: a maioria dos participantes era de americanos, que não podiam viajar como simples turistaspara a ilha comunista.- Bofetada na cara da história -Para poder se classificar nas categorias de autorizados a viajar para a ilha, os convidados americanos tiveram que participar em oficinas de música ou dança, como parte de sua estada. A agência de viagens ofereceu pacotes com tudo incluído por cerca de US$1.000.Dada a particularidade da ilha, os convidados não precisavam levar mesas, cadeiras dobráveis ou pratos, nem cozinhar, mas apenas escolher entre menus diferentes já pagos.Inicialmente agendado para o final de novembro de 2018, o Jantar de Branco teve que ser adiado devido a múltiplos cancelamentos de americanos, amedrontados pelo discurso de Washington, que aumentou nos últimos meses o embargo que vem sendo aplicado contra a ilha desde 1962, e a ameaça de novas sanções.Mas os americanos que chegaram ao Hotel Nacional sacudiram o guardanapo branco, o sinal que tradicionalmente começa o jantar."Há uma maioria de americanos aqui, o que é ainda mais agradável porque são símbolos históricos que se juntam: a França, os Estados Unidos e os cubanos, todos sentados à mesma mesa, todos de branco: é um belo símbolo e um boa bofetada na cara da história", declarou Aymeric. Entre os poucos cubanos presentes no jantar, Maricela Alvaro, de 56 anos, veio com oito membros de sua família e disse que ficou "fascinada" com o evento: "É maravilhoso!".Embora as taxas fossem mais baixas para os cubanos, a mulher revelou que era "um sacrifício para toda a família participar no evento", em um país onde o salário médio é de US$ 30 por mês. Mas ficou encantada ao ver a mistura de cubanos e americanos: "Você tem que construir o futuro, não viver no passado".ka/rd/lda/cn