O presidente Michel Temer já é alvo de três pedidos de impeachment. O deputado Alessandro Molon (Rede-RJ) protocolou na noite desta quarta-feira, na Câmara, documento contra o peemedebista por crime de responsabilidade
Manifestantes pedem a saída do presidente Michel Temer em Brasília (Evaristo Sa/AFP)
O presidente Michel Temer já é alvo de três pedidos de impeachment. O deputado Alessandro Molon (Rede-RJ) protocolou na noite desta quarta-feira, na Câmara, documento contra o peemedebista por crime de responsabilidade. O pedido é baseado na gravação que teria sido feita pelo empresário Joesly Batista, dono da JBS, com o presidente dando aval para “compra de silêncio” do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Mais tarde, o terceiro-secretário da Câmara, o deputado João Henrique Holanda Caldas (PSB-AL), o JHC, também protocolou na Casa um pedido de impeachment do presidente por crime de responsabilidade. Além do impeachment, a oposição também cobra a renúncia imediata de Temer. “Impeachment demora uns três meses. Mais rápido seria a renúncia”, defendeu o deputado Silvio Costa (PTdoB-PE). Segundo o deputado José Guimarães (PT-CE), outra estratégia dos opositores será tentar paralisar o funcionamento do Congresso Nacional até a convocação de eleições diretas para presidente da República. “A situação é muito grave. Ou se faz o impeachment ou não se faz mais nada neste País”, disse o petista. Na Câmara, já há hoje outro pedido de impeachment contra o presidente aberto por ordem do ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF). A decisão do ministro é de abril do ano passado. Desde então, a comissão especial que analisará esse primeiro pedido ainda não foi instalada na Casa. Isso porque líderes de partidos da base aliada resistem a indicar os deputados de suas bancadas para compor o colegiado. Líder do DEM na Câmara, o deputado Efraim Filho (PB) afirmou ontem que não descarta a possibilidade de um processo de impeachment ser aberto contra Temer. Segundo ele, o Congresso agora tem que ter “serenidade” para avaliar os fatos que vieram à tona e dar respostas rápidas à sociedade. Efraim foi o único líder do governo, até agora, a comentar a situação. Os demais desapareceram do plenário logo após a notícia vir à tona. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), encerrou a sessão assim que a oposição começou a protestar contra Temer. Temer deixou o Palácio do Planalto por volta das 22h25, quando ocorria uma manifestação em Brasília pedindo a sua saída do governo. Houve ato contra o peemedebista também em São Paulo. Mantega era contato do PT, afirma Joesley Batista No acordo de delação que firmou com a Procuradoria-Geral da República (PGR), o empresário Joesley Batista afirmou que o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega intermediava pagamentos de propina a parlamentares do PT. Segundo O Globo, executivos da JBS afirmaram em depoimento que o então ministro era uma espécie de operador do grupo no BNDES. Joesley disse aos procuradores que Luciano Coutinho, então presidente do banco público de fomento, era duro nas negociações, mas que, muitas vezes, Mantega participava das reuniões e os negócios fluiam de forma mais fácil. O dinheiro de propina que Mantega recebia da empresa, segundo o relato dos delatores, seria destinado ao partido, e não ficava para ele. Mantega foi alvo da 34ª fase da Lava Jato, em setembro do ano passado, quando chegou a ser preso temporariamente, mas solto no mesmo dia por decisão do juiz Sérgio Moro. Na ocasião, ele foi detido por agentes da PF quando acompanhava a mulher em uma cirurgia no hospital. A delação da JBS cita ainda a participação do ex-ministro Antonio Palocci, que também negocia um acordo de colaboração com o Ministério Público Federal. O ex-ministro, segundo Joesley, foi contratado pelo grupo para prestar consultoria e ajudar a empresa como uma espécie de “professor de política” a executivos. O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Claudio Lamachia disse ontem que “são estarrecedores” os fatos noticiados pelo O Globo. “A sociedade precisa de respostas e esclarecimentos imediatos”, declarou Lamachia. (EC)