INTERNACIONAL

Itália pede união da extrema direita europeia

O homem forte do governo italiano e chefe da extrema direita da península, Matteo Salvini, lançou nesta segunda-feira, em Milão, um apelo em favor de uma aliança dos nacionalistas visando às eleições europeias de maio

AFP
08/04/2019 às 11:00.
Atualizado em 04/04/2022 às 10:38

O homem forte do governo italiano e chefe da extrema direita da península, Matteo Salvini, lançou nesta segunda-feira, em Milão, um apelo em favor de uma aliança dos nacionalistas visando às eleições europeias de maio. "Estamos ampliando a comunidade, a família. Estamos trabalhando em um novo sonho europeu", declarou Salvini, cercado por Jörg Meuthen, do partido Alternativa para a Alemanha (AfD), Olli Kotro, dos Filandeses Verdadeiros, e de Anders Vistisen, do Parti Popular dinamarquês."Hoje, para muitos cidadãos e povos, a União Europeia representa um pesadelo", afirmou, ao apresentar este projeto "A Europa do bom senso, os povos levantam a cabeça"."Nós trabalhamos para colocar no centro o trabalho, a família, a segurança, a proteção do meio ambiente, o futuro dos jovens", com "movimentos alternativos à aliança entre democratas-cristãos e socialistas" no poder há décadas em Bruxelas.Salvini reconheceu que os movimentos soberanistas "têm diferenças", mas explicou que estavam fundados "nas identidades e tradições" e assegurou que sua aliança deve aumentar antes da eleição apra se tornar "uma força de governo e mudança na Europa". - Grande comício em 18 de maio -"Os destruídores do sonho europeu são os burocratas, os hipócritas, os banqueiros, que governam a Europa há muito tempo. Queremos fazer com que as pessoas voltem a governar a Europa", acrescentou Salvini na coletiva de imprensa realizada em um hotel de luxo em Milão, com cerca de 200 jornalistas."Este projeto visa defender os direitos de cada Estado membro de encontrar seu próprio caminho", explicou o dinamarquês Anders Vistisen. "Se deixarmos que nossos oponentes nos dividam, veremos mais Bruxelas, menos segurança, e o multiculturalismo e a identidade da Europa vão superar as identidades nacionais".O objetivo é ser "o grupo mais importante do Parlamento Europeu", observou Salvini, confirmando a organização de um grande comício europeu no sábado, 18 de maio, em Milão. Marine Le Pen, presidente do partido Reunião Nacional (RN) francês, deve participar.Questionado sobre a ausência de Le Pen nesta segunda-feira, Salvini assegurou que tinha sido mandatado por "todos os movimentos políticos do seu grupo" no Parlamento europeu, incluindo o RN, para lançar este apelo à unidade.Na atual assembleia, os soberanistas estão divididos em três entidades (PPE, ENL e CRE). A Liga de Salvini e o RN são membros do grupo Europa das Nações e das Liberdades (ENL), enquanto os convidados finlandês e dinamarquês de Salvini pertencem ao grupo dos Conservadores e Reformistas Europeus (CRE).O Fidesz, partido do primeiro-ministro húngaro Viktor Orban, do qual Salvini diz ser muito próximo, faz parte do Partido Popular Europeu (PPE, direita), mesmo que os conservadores europeus o tenham suspendido há algumas semanas.Mas a questão da liderança do futuro grupo se impõe. Assim, Le Pen visitará "aliados" dos partidos nacionalistas nas próximas semanas, na Eslováquia e na República Tcheca, para apoiá-la em sua campanha.- Divisões -Apesar das semelhanças óbvias - euroceticismo, hostilidade ao islamismo político, rejeição do multiculturalismo de esquerda - os soberanistas europeus permanecem muito diferentes.Entre o AfD alemão, partidário de uma economia de mercado, e a visão protecionista do RN francês, a diferença é grande. Do mesmo modo, os italianos e os poloneses defendem as raízes cristãs da Europa, quando o RN, em nome do secularismo, não faz disso uma prioridade.E os nacionalistas poloneses ou finlandeses são pouco elogiosos a Le Pen e Salvini ao presidente russo Vladimir Putin.Internamente, Salvini também deve levar em conta as crescentes dificuldades de sua aliança governamental com os antissistemas do Movimento 5 Estrelas (M5S).A tensão aumentou nos últimos dias, com Luigi Di Maio, líder do M5S, preocupado com uma "deriva" da Liga "à extrema direita" e sua aliança com forças políticas que "negam o Holocausto".Nesta segunda-feira, Salvini assegurou que seus convidados não eram "nostálgicos ou extremistas", enquanto o AfD reiterou que a barbárie nazista foi "o pior capítulo" da história alemã.cjo-cco/fcc/cr/mr

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