PROGRAMA NUCLEAR

Irã não renunciará aos seus direitos nucleares

O presidente iraniano reiterou que insistirá no programa nuclear; negociações estão emperradas

Da France Press
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10/11/2013 às 15:12.
Atualizado em 26/04/2022 às 12:11

O presidente iraniano, Hassan Rohani, reafirmou neste domingo os direitos nucleares do Irã um dia depois das negociações de Genebra que, apesar dos avanços, não conseguiram levar a um acordo sobre o programa nuclear iraniano. Durante três dias, as grandes potências e o Irã buscaram em Genebra alcançar um acordo sobre o polêmico programa nuclear iraniano, que oficialmente apenas é civil, mas que Israel e o Ocidente suspeitam que busca fabricar uma arma nuclear. Os comentários das últimas horas sobre a reunião entre os chamados 5+1 (Estados Unidos, Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha) e o Irã eram otimistas, o que confirma as esperanças geradas pela eleição em junho de Rohani, um moderado. O chefe da diplomacia alemã, Guido Westerwelle, considerou que estavam "mais próximos de uma solução razoável do que estivemos em anos", enquanto seu colega americano, John Kerry, saudou os progressos realizados. Por sua vez, o ministro iraniano das Relações Exteriores, Mohamad Javad Zarif, disse não estar nem um pouco decepcionado, apesar da ausência de acordo; e o britânico William Hague considerou que um acordo sobre o programa nuclear iraniano "está sobre a mesa e pode ser concluído". Na saída do encontro, a chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Catherine Ashton, e Javad Zarif anunciaram que as negociações serão retomadas no dia 20 de novembro. Mas na manhã deste domingo o presidente Hassan Rohani ressaltou que seu país não renunciará aos seus direitos nucleares, incluindo o enriquecimento de urânio, declarou à imprensa. "Há linhas vermelhas que não podem ser cruzadas. Os direitos da nação iraniana e os nossos interesses são uma linha vermelha, assim como os direitos nucleares no âmbito das regras internacionais, que incluem o enriquecimento de urânio em solo iraniano", ressaltou. A retomada das negociações com o Irã, bloqueadas há anos, quer aproveitar a abertura em relação ao Ocidente de Rohani, que parece querer terminar logo com 10 anos de tensão sobre a questão nuclear, para relaxar e depois levantar as sanções que pesam sobre seu país. Mas as negociações tropeçaram nas exigências de esclarecimentos de alguns participantes, em particular da França, sobre a redação de um acordo temporário de seis meses, primeira etapa "verificável" antes de um acordo permanente. Ocidente quer garantias O Ocidente exige garantias sobre o reator de águas pesadas de Arak e sobre a fabricação de plutônio, mas especialmente sobre a capacidade do Irã de enriquecer urânio a 20%, o parque de 19.000 centrífugas e a fabricação de uma nova geração de centrífugas cinco vezes mais rápidas. Em troca deste acordo, o Irã espera um relaxamento "limitado e reversível" de algumas sanções, principalmente às que se referem ao congelamento pelos EstadOS Unidos dos bens iranianos em bancos de terceiros países. O chefe da diplomacia francesa, Laurent Fabius, foi o primeiro a anunciar a ausência de acordo, ressaltando que havia um longo caminho pela frente. A determinação francesa irritou em um primeiro momento alguns diplomatas, mas várias fontes diplomáticas reconheceram após o fracasso em alcançar um acordo que "há diferentes pontos que representam problemas para diferentes países, não apenas para a França". "Os Estados Unidos estão determinados a fazer com que o Irã não adquira armas nucleares", declarou Kerry após as advertências feitas por Israel. E ressaltou neste domingo que os Estados Unidos não são cegos ou estúpidos no diálogo nuclear com a República Islâmica. "Algumas das pessoas mais sérias e capazes de nosso governo, que passaram uma vida com o tema do Irã, assim como o das armas nucleares e da proliferação, estão envolvidas em nossa negociação", afirmou em uma entrevista a uma rede de televisão americana. "Não estamos cegos, e não acredito que sejamos estúpidos", afirmou. "Acredito que temos uma ideia clara sobre como medir se estamos ou não agindo de acordo com os interesses de nosso país e do mundo, e particularmente de nossos aliados, como Israel, os países do Golfo e outros na região", completou. Por parte da oposição iraniana, a presidente do Conselho Nacional da Resistência Iraniana (CNRI), Maryam Radjavi, considerou em um comunicado enviado à AFP que qualquer acordo entre o Irã e as grandes potências que não preveja a detenção completa do programa nuclear iraniano dá a Teerã a possibilidade de adquirir a arma nuclear. O ambiente otimista das negociações pode ter um primeiro resultado concreto muito em breve: a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), cujo diretor-geral, Yukiya Amano, viajará na segunda-feira a Teerã, espera obter concessões do Irã sobre o programa de verificação e de visitas as suas instalações nucleares.

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