Teerã denunciou nesta segunda-feira (27) a vontade de Washington de prejudicar gravemente a economia iraniana, no início das audiências na Corte Internacional de Justiça (CIJ) sobre o restabelecimento das sanções dos Estados Unidos contra o Irã
Teerã denunciou nesta segunda-feira (27) a vontade de Washington de prejudicar gravemente a economia iraniana, no início das audiências na Corte Internacional de Justiça (CIJ) sobre o restabelecimento das sanções dos Estados Unidos contra o Irã.As audiências sobre o tema começaram hoje na sede da CIJ, em Haia, e devem durar quatro dias."Os Estados Unidos propagam publicamente uma política, cujo objetivo é prejudicar o mais gravemente possível a economia iraniana, e as empresas e cidadãos iranianos", afirmou o conselheiro jurídico e representante da delegação da República Islâmica, Mohsen Mohebi.Desde abril, a divisa iraniana, o rial, perdeu cerca de metade de seu valor.Diante dos 15 juízes da CIJ - principal órgão judicial da ONU -, a delegação do Irã, que apresentou a demanda em julho, defende a suspensão das novas sanções americanas, que têm consequências dramáticas para a economia iraniana.- Flagrante agressãoO restabelecimento das sanções anunciado pelo presidente americano, Donald Trump, "é uma flagrante agressão contra o meu país", declarou Mohebi."O Irã se oporá ao estrangulamento econômico americano por todos os meios pacíficos", acrescentou.Em maio, o presidente Donald Trump retirou seu país do acordo nuclear assinado pelo Irã e pelas grandes potências em 2015, no qual a República Islâmica se comprometeu a não produzir armamento atômico. Em troca, o país foi beneficiado por uma retirada progressiva das sanções internacionais.Mas a saída de Washington do acordo representou o retorno das duras sanções americanas contra o Irã.Os Estados Unidos "se defenderão com firmeza diante do Irã" na CIJ, disse hoje o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, que chamou o processo de "desvio da corte".Em um comunicado, Pompeo acusa o Irã de "interferir nos direitos soberanos dos Estados Unidos de tomar medidas legais, incluindo o restabelecimento das sanções, que são necessárias para a proteção da nossa segurança nacional".Já Mohebi alegou: "ao não ter outra solução a não ser recorrer à CIJ após buscar em vão uma solução diplomática", Teerã deseja que "se ponha fim de imediato" a essas medidas de Washington.Com a nova batalha judicial na CIJ, Teerã deseja "encerrar de modo imediato" estas medidas.A República Islâmica pede ao tribunal a suspensão temporária das sanções, antes que os juízes se pronunciem posteriormente sobre o mérito do caso.O governo iraniano afirma que as ações americanas violam diversos dispositivos do tratado Irã-EUA de 1955.O texto, que não é muito conhecido, prevê "relações amistosas" entre as duas nações e respalda os intercâmbios comerciais.Irã e Estados Unidos não mantêm relações diplomáticas desde 1980.Trump considera que as sanções têm como objetivo "aumentar a pressão" sobre o regime iraniano para que mude de comportamento, especialmente no que diz respeito às suas ambições nucleares.Trump disse, no entanto, estar "aberto" a um novo acordo sobre o programa nuclear com o Irã.O guia supremo iraniano, Ali Khamenei, declarou há alguns dias que "não haverá guerra, nem negociações com os Estados Unidos".A CIJ deve se pronunciar sobre o fim provisório das sanções nos dois meses seguintes ao início das audiências. Uma decisão final sobre o caso pode demorar vários anos.Após uma primeira onda de sanções, lançada no início de agosto, em 5 de novembro outras medidas entrarão em vigor, afetando o setor de petróleo e gás, que desempenha um papel fundamental na economia iraniana.Em seu pedido à CIJ, Teerã fala de um "assédio" econômico imposto por Washington, "com todas as consequências para a população iraniana assediada".Várias companhias internacionais - entre elas a francesas Total e a alemã Daimler - já comunicaram o fim de suas atividades no Irã, devido à entrada das sanções em vigor.As companhias aéreas British Airways e Air France anunciaram para a próxima quinta-feira a suspensão de seus voos para o Irã, argumentando que essas conexões não são mais rentáveis.Os advogados de Washington apresentarão seus argumentos nesta terça. Segundo especialistas, os Estados Unidos alegarão a incompetência da CIJ neste caso.cvo/jhe/lb/zm/me/pb/fp/tt