A decisão do Vaticano de intervir no grupo leigo peruano Sodalício de Vida Cristã, envolvido em denúncias de abuso sexual, é uma reivindicação das vítimas, disse à AFP a autora do livro que deflagrou o escândalo, a jornalista Paola Ugaz
A decisão do Vaticano de intervir no grupo leigo peruano Sodalício de Vida Cristã, envolvido em denúncias de abuso sexual, é uma reivindicação das vítimas, disse à AFP a autora do livro que deflagrou o escândalo, a jornalista Paola Ugaz.O Vaticano anunciou nesta quarta-feira a intervenção no Sodalicio, após a promotoria peruana solicitar, em dezembro, a prisão do fundador da instituição, Luis Fernando Figari, e de outros três membros do grupo por abusos sexuais de menores."Me parece que é um bom dia para o jornalismo investigativo e para as vítimas, que até hoje não podiam falar. Esta intervenção do Vaticano os reconhece de alguma maneira", disse Ugaz à AFP, que junto com seu colega Pedro Salinas publicou o livro "Metade Monges, Metade Soldados", em 2015.Ugaz ressaltou que a decisão do Papa de intervir na instituição nomeando como comissário apostólico o bispo Noel Antonio Londoño Buitrago, de Jericó, Colômbia, é algo positivo."Me parece bom que o Papa tome esta decisão porque as vítimas de uma organização católica veem Francisco como uma figura que coloca ordem na casa, após se sentirem esquecidos nos últimos anos".O Vaticano nomeou em agosto de 2016 o bispo americano Joseph Tobin para analisar o caso Sodalicio e propor uma reforma do grupo.Figari, hoje com 70 anos, fundou o Sodalicio no Peru em 1971, onde recrutava adolescentes de colégios particulares da classe alta para viver em comunidade como "soldados de Cristo".O movimento se expandiu para Brasil, Colômbia, Chile, Argentina, Estados Unidos, Costa Rica, Equador e Itália.Reconhecido pelo Papa João Paulo II em 1997 como um grupo de vida apostólica de direito pontifício, a instituição liderada por leigos e que dirige vários colégios católicos no Peru, admitiu que ao menos quatro de seus líderes, incluindo Figari, cometeram diversos tipos de abuso contra 19 menores e 17 maiores entre 1975 e 2002. Francisco fará uma visita pastoral ao Peru entre 18 e 21 de janeiro, como parte de uma viagem que o levará também ao Chile.ljc/lr