Espalhando pelo interior, com frágil sistema de saúde, doença avança no 3º país mais populoso
Jovem devoto do deus Shiva com máscara improvisada em Delhi, capital da Índia, que ultrapassou 50 mil mortes (Dibyangshu Sarkar/AFP)
A Índia ultrapassou, ontem, 50.000 mortes em decorrência da pandemia de coronavírus, cujos efeitos em nível planetário não cessam, como evidenciado pelo adiamento das eleições na Nova Zelândia. O coronavírus tirou a vida de mais de 770.000 pessoas no mundo e infectou mais de 21,7 milhões. Nos últimos sete dias, quase metade das mortes ocorreu na América Latina e no Caribe, onde mais de 241.000 mortes foram registradas desde o início da pandemia e 6,17 milhões de casos, segundo balanço da AFP. Outro lugar do mundo onde a pandemia vem crescendo significativamente é a Índia, que ontem ultrapassou a barreira simbólica de 50 mil mortes por esse vírus que se espalha em pequenas cidades, vilas e áreas rurais onde predomina uma forte estigmatização dos doentes e cujos sistemas de saúde são frágeis. A Índia superou o Reino Unido no quarto lugar em número de mortes na semana passada, atrás de Estados Unidos, Brasil e México, e nesta segunda-feira 941 novas vítimas fatais foram anunciadas, segundo dados oficiais. O segundo país mais populoso do planeta, com 1,3 bilhão de habitantes, já é o terceiro com o maior número de infectados, atrás dos Estados Unidos e do Brasil, com 2,65 milhões de casos. Apesar do aumento de mortes, o ministério da Saúde da Índia tuitou no domingo que a letalidade do vírus é uma das "menores do mundo", abaixo de 2%. De acordo com o portal Worldometer, os EUA (170.000 mortos) têm uma letalidade de 3,11%, enquanto para o Brasil (107.000) é de 3,22%. Na Europa, duramente atingida pelo vírus no início do ano, especialmente em países como Espanha e Itália, os esforços se concentram em como evitar uma segunda onda mortífera. Recidiva espanhola A Espanha, país mais infectado da Europa, registrou mais de 16 mil novos infectados por coronavírus desde sexta-feira, informou o Ministério da Saúde, quando algumas regiões como as Ilhas Baleares e o País Basco endureceram as já severas medidas decretadas pelo governo central, como fechar boates e restringir o fumo nas ruas. Os números indicam um total de 359.082 infectados pelo vírus na Espanha, 16.269 a mais do que no último balanço da sexta-feira. Sua taxa de contágio foi de 115 casos por 100.000 habitantes nas últimas duas semanas, bem acima dos 45 na França, 19 no Reino Unido e 16 em Alemanha. Por sua vez, a Nova Zelândia, que ficou 102 dias sem casos de transmissão local, viu o coronavírus reaparecer na semana passada em Auckland, causando o confinamento da cidade, e nesta segunda-feira sua primeira-ministra anunciou o adiamento por quatro semanas das eleições legislativas marcadas para setembro. Diante de um vírus que não dá trégua, a esperança passa por uma vacina. O Equador, um dos países latino-americanos mais afetados pela pandemia com mais de 100.000 casos, expressou seu interesse em fabricar a vacina. Argentina e México anunciaram na semana passada um acordo para produzir a vacina do laboratório AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford. A evolução da anunciada Sputnik V, a vacina da Rússia, também mantém o mundo em suspense, embora com ceticismo por parte do Ocidente, que avança em vários projetos próprios. A exceção é o Brasil, que além de mais de 107 mil óbitos tem mais de 3,34 milhões de casos, e segue um caminho diversificado, com acordos que incluem a vacina russa. Na América Latina, o país mais afetado atrás do Brasil é o Peru, que no domingo bateu seu recorde pelo segundo dia consecutivo com 10.143 novos casos em 24 horas e 206 mortes, para um total de 535.946 casos e 26.281 óbitos. Em seguida, vem o México (522.162 infectados e 56.757 mortos), cujo governo declarou 30 dias de luto nacional a partir deste fim de semana. A Colômbia tem visto a taxa de transmissão do coronavírus disparar e já se aproxima das 500.000 infecções. O impacto da pandemia também se reflete na Argentina, onde o governo estendeu o isolamento social de 148 dias até o final de agosto. Japão entra na pior recessão de sua história O PIB do Japão caiu 7,8% entre abril e junho em comparação com o primeiro trimestre, devido ao impacto da pandemia do novo coronavírus, um resultado negativo histórico, que se soma aos dos trimestres anteriores. A contração de 7,8% no segundo trimestre, de acordo com dados preliminares divulgados ontem pelo governo japonês, foi a terceira seguida, após as registradas no primeiro trimestre (-0,6%) e nos últimos três meses de 2019 (-1,9%), que levaram a terceira maior economia do mundo à recessão. Esta é a primeira recessão do Japão desde 2015, definida por uma contração da economia durante dois trimestres consecutivos. Também é a queda mais expressiva do PIB japonês desde o início do registro dos dados comparativos em 1980. A economia do arquipélago, que já estava em dificuldades no último trimestre de 2019, foi impactada pela pandemia nos primeiros três meses de 2020.