INTERNACIONAL

HRW pede resistência aos populismos

A organização Human Rights Watch saudou nesta quinta-feira (18) a resistência em todo mundo aos populismos ao estilo Donald Trump e pediu para que não se baixe a guarda diante da ameaça que representam para as instituições democráticas

AFP
18/01/2018 às 10:30.
Atualizado em 22/04/2022 às 07:48

A organização Human Rights Watch saudou nesta quinta-feira (18) a resistência em todo mundo aos populismos ao estilo Donald Trump e pediu para que não se baixe a guarda diante da ameaça que representam para as instituições democráticas.Em seu relatório anual, a organização internacional analisa a situação dos direitos humanos em 90 países, destacando os esforços para combater a demagogia, a demonização das minorias e as mensagens de exclusão."O grande problema deste ano é realmente o quanto o mundo mudou", declarou o diretor-executivo da organização internacional, Ken Roth.Em entrevista à AFP, Roth destacou o "momento de desespero" que representou a chegada de Trump à Casa Branca há um ano, quando "parecia que os populistas autoritários estavam em ascensão e não havia nada que pudéssemos fazer para detê-los"."O que tem sido encorajador no último ano é a resistência que vimos em muitos países a esse aumento de populismo", afirmou.Segundo Roth, mesmo nos Estados Unidos, Trump se deparou com uma oposição generalizada, embora nem sempre bem-sucedida, de juízes, ativistas, jornalistas e até mesmo políticos do mesmo partido, que rejeitam suas políticas e suas mensagens de divisão racial.Na Europa, a França levou os louros para casa, de acordo com HRW, com um líder como Emmanuel Macron, que se opôs à campanha de ódio do partido de extrema-direita Frente Nacional contra muçulmanos e imigrantes. A organização também mencionou o freio que a União Europeia impôs à Polônia e à Hungria por suas tentativas de prejudicar o Estado de direito.Na América Latina, a HRW destacou, em particular, que o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, tenha sido confrontado com protestos por continuar a "destruir a democracia".E citou indícios de que o filipino Rodrigo Duterte finalmente encontrou resistência interna à sua brutal repressão antidrogas.Roth destacou ainda os esforços de muitos pequenos países, como a Islândia, que forçou Duterte a controlar sua "polícia assassina", ou a Holanda, que liderou os apelos pelo fim do bloqueio saudita no Iêmen.E recordou que, quando a Rússia vetou as propostas para responsabilizar a Síria, foi "Lichtenstein quem liderou os esforços na Assembleia Geral da ONU para nomear um procurador especial".- 'Uma batalha que vale a pena' -Ainda assim, o panorama é sombrio."Alguns dos poderes mais importantes, nos quais tendíamos a confiar para promover os direitos humanos, de fato, desapareceram", disse Roth.Esta é uma das principais consequências negativas da administração Trump, pronta para atacar Irã, ou Venezuela, mas geralmente ausente na frente internacional."Muito preocupado com o Brexit", o Reino Unido não desempenha o papel que já teve um dia.Para HRW, a "indecisão" dessas potências "deixou um vazio em que atrocidades em massa têm ocorrido, muitas vezes descontroladas, em países como Iêmen, Síria, Mianmar e Sudão do Sul".O custo foi especialmente alto em Mianmar, onde a retórica dos nacionalistas radicais, comandantes militares e membros do governo civil contribuíram para uma campanha de limpeza étnica contra os muçulmanos rohingyas.De acordo com HRW, mais de 640 mil membros desta minoria fugiram de "massacres, violência sexual e outros abusos pelas forças de segurança".Para Roth, o fracasso do mundo em lidar com a líder civil, a prêmio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi, foi um erro."Ninguém quer acreditar que ela tem liderado a limpeza étnica contra os rohingyas, mas, na essência, ela a defendeu e se recusou a criticá-la publicamente", frisou.A conclusão é clara para a HRW: onde não há resistência, os populismos florescem."A lição que aprendemos no ano passado é que há uma batalha e é uma batalha que vale a pena lutar", insistiu Roth.mw-ad/acc/mr/tt

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