troca de farpas

Guedes está desequilibrado, diz Maia

Presidente da Câmara rebateu declarações de que estaria de conluio para barrar privatizações

Estadão Conteudo
Estadão Conteúdo
01/10/2020 às 12:15.
Atualizado em 27/03/2022 às 23:50
Rodrigo Maia e Paulo Guedes veem se desentendendo publicamente por várias questões ligadas à economia (Fábio Rodrigues Pozzebom/AFP)

Rodrigo Maia e Paulo Guedes veem se desentendendo publicamente por várias questões ligadas à economia (Fábio Rodrigues Pozzebom/AFP)

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse ontem, que há boatos de que o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), fez um acordo com a esquerda para não pautar as privatizações. "Não há razão para interditar as privatizações", afirmou. Maia rebateu imediatamente: "Paulo Guedes está desequilibrado". Na terça-feira o presidente da Câmara já tinha criticado Guedes por, na visão do deputado, ter interditado o debate sobre a reforma tributária. Ele fez a declaração em uma rede social, um dia após o governo desistir de enviar a segunda fase da reforma tributária, que incluiria um imposto sobre transações digitais semelhante à CPMF. Não houve consenso entre o governo e líderes partidários. "Por que Paulo Guedes interditou o debate da reforma tributária?", escreveu Maia em sua conta no Twitter. Nesta quarta, depois de um resultado positivo na geração de empregos em agosto, Guedes apareceu de surpresa na entrevista marcada para comentar os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que mostrou a abertura de 249.388 vagas no mês de agosto. "Superamos a fase em que precisávamos manter os sinais vitais da economia brasileira. Começamos a retomada do crescimento econômico em V, apesar do pessimismo e das críticas", afirmou Guedes. Depois de críticas de que teria abandonado a pauta liberal de olho na reeleição do presidente Jair Bolsonaro, a ser disputada em 2022, Guedes reafirmou seu compromisso com as reformas. "Estamos voltando para o trilho das reformas estruturantes. Vamos simplificar impostos e reduzir na reforma tributária. Tem muita articulação política em andamento ainda", disse. De acordo com o ministro, os cálculos são de que, em 10 anos, o Brasil receberá R$ 1,2 trilhão de investimentos. Ele citou como exemplo de sucesso o leilão de saneamento feito nesta quarta-feira em Maceió A troca de farpas é mais um capítulo da briga pública entre os dois, que estão rompidos desde o início do mês, quando Maia anunciou que passaria a tratar dos assuntos econômicos apenas com o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, articulador oficial do Palácio do Planalto. Outro ponto da discórdia foi a discussão de dois fundos bilionários, cujos repasses podem chegar a R$ 485 bilhões, para compensar os Estados e municípios da perda da arrecadação com a aprovação de uma reforma tributária. Debate demora O deputado federal Marcos Pereira (Republicanos-SP) e o senador Antonio Anastasia (PSD-MG) mostraram ontem ceticismo quanto a uma aprovação rápida da reforma tributária, cujo relatório dificilmente será apresentado no dia 7 de outubro, como estava previsto. Durante debate sobre o tema, os parlamentares citaram dificuldades para avançar na matéria por conta da entrada de propostas que tumultuaram a agenda, casos da ideia de um imposto sobre transações eletrônicas, chamado de "nova CPMF", e agora o programa Renda Cidadã. Segundo Marcos Pereira, a tramitação da reforma terá um atraso de mais três ou quatro semanas em razão da "mistura de debates". "O calendário ficou tumultuado", afirmou o deputado. "Atraso não é só por eleição municipal, mas por mistura de debates", acrescentou. Mais pessimista em relação a prazos, o senador Antonio Anastasia considerou remota a possibilidade de aprovação da reforma tributária neste momento. "A reforma tributária, infelizmente, não é prioridade no Brasil. Se fosse prioridade, já teria sido aprovada", comentou. Anastasia defendeu a aprovação da reforma administrativa antes da tributária para o governo mexer nos impostos apenas depois de conhecer o seu novo orçamento. Mesmo assim, ele considerou improvável a aprovação da reforma administrativa ainda neste ano.

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