POUPANÇA

Guardar moedas é um hábito que vale a pena

Cofrinho cheio paga contas, compra brinquedo e tira do aperto

Rafaela Dias
21/07/2018 às 18:01.
Atualizado em 27/04/2022 às 13:28
A fortuna de Futenma: aposentado conseguiu juntar mais de R$ 4,6 mil guardando dinheiro que ia para o cigarro (Divulgação)

A fortuna de Futenma: aposentado conseguiu juntar mais de R$ 4,6 mil guardando dinheiro que ia para o cigarro (Divulgação)

Os campineiros também têm o hábito de guardar dinheiro em casa, seguindo a tendência do estudo nacional feito pelo Banco Central que revelou que o brasileiro tem 8 bilhões de moedas de todos os valores em cofrinhos. A fotógrafa Thaís Ceneviva Siqueira Dias, de 34 anos, se tornou adepta da prática em 2011, quando seu filho Theo nasceu. “A gente um pote grande de vidro, e todo troco em moedas que recebíamos, colocávamos lá. Quando ele fez três anos, fizemos uma viagem para Disney e resolvemos abrir o pote para dar de presente o dinheiro para ele comprar o que quisesse. E foi uma ótima ideia: juntamos US$ 400”, contou. A experiência foi tão boa que ela e o esposo Rodrigo decidiram continuar com a prática depois que voltaram da viagem - mas desta vez, é o próprio Theo que toma conta das “finanças”. Hoje com 6 anos, ele mesmo junta as moedas. “Ele tem um cofrinho só para moedas de R$ 1,00, de onde ele não tira nada, e outro com moedas menores, que ele gasta quando ele quer alguma coisa”, disse. Para Thaís, além de divertida, a prática ensina o valor das coisas desde cedo ao menino - algo que ela acha essencial. “Claro que damos tudo o que é essencial para ele. Mas quando se trata de alguma coisa supérflua, ele já entendeu que tem que tirar dinheiro do cofrinho. E aprende que é preciso saber usar o dinheiro”, explicou.Educação A diretora pedagógica Lara Belette, de 39 anos, também ensinou o filho a poupar a mesada. “Desde que o Tiago tem 2 anos nós mantemos um cofrinho. Ele faz aniversário em dezembro, então a partir de janeiro começamos a guardar moedas e notas no cofre. No fim do ano abrimos e ele pode comprar o que quiser”. Como forma de entender que os pais fazem sacrifícios e que nada na vida vem fácil, na casa deles não se compra brinquedo durante o ano todo. “No Dia das Crianças compramos uma lembracinha. Mas para ganhar o brinquedo que ele quer, precisa juntar o dinheiro”, disse. Para o garoto, que hoje tem 7 anos, não há motivos de queixa: entre suas “conquistas”, estão brinquedos como Lego Star Wars, Lego Helicóptero, Casa do Batman e um jogo da Fifa para videogame. Por ano, ele consegue deixar cerca de R$ 500,00 “a salvo” no cofrinho. “Eu acho muito legal. Eu mesmo junto dinheiro para comprar os brinquedos que quero”, conta Tiago. “A família toda ajuda com as moedas. E ele já aprendeu: todo dinheiro que ganha, guarda no cofrinho”, completa Lara. Virou hábito Mas não são só as crianças que juntam moedas em cofrinhos estimuladas por seus pais. A estudante Beatriz Maineti de Andrade, de 20 anos, mantém a prática que aprendeu desde pequena com os avós. “É um hábito que peguei com eles, que conseguiam viajar todos os anos só com as moedas que iam guardando. Foi assim que consegui comprar um computador novo: com as moedas que guardei”, conta. Para ele, esse é um jeito simples e fácil de economizar, que não pesa no bolso de ninguém, mas que acaba fazendo uma grande diferença na hora de abrir o porquinho. “Para mim, ter começado a juntar moedas desde pequena me deu um grande senso de economia. É uma coisa que ajuda na minha organização financeira até hoje”. Números A pesquisa “O brasileiro e sua relação com o dinheiro” feita pelo Banco Central mostrou ainda que cresceu o número de pessoas que usam cofrinhos para economizar - a prática atinge hoje 20% dos brasileiros. Entre eles está o autônomo Alessandro Ribeiro, o “Salgado”, de 40 anos, que há um bom tempo vem juntando as suas. Em 2016, última vez que ele fez a “retirada”, o porquinho tinha nada menos que R$ 2,1 mil, juntados durante 5 anos - dinheiro que o ajudou o ajudou a encarar um momento de crise mais séria. “A minha ideia inicial era encher o cofre completamente, mas precisei usar do dinheiro antes - estava pela metade. Agora já comecei a juntar de novo, mas só moedas de R$1,00. Já tenho R$ 600,00. Mas agora quero encher um galão de 20 litros com moedas”, diz. A paixão pelos cofrinhos também atinge os idosos. O aposentado Julio Futenma, de 64 anos, conseguiu juntar R$ 4.660,00 no seu primeiro porquinho. “Ele acabou se partindo sozinho de tão cheio. Comecei a guardar no dia em que resolvi parar de fumar. Todo o dinheiro que iria para o cigarro eu fui guardado. E para compensar o vício, eu poupava o dobro”, conta. Quando começou, ele trabalhava na IBM e muitos de seus colegas ajudavam com moedas. “Hoje o porteiro do meu prédio me ajuda também. Para não quebrar mais os porquinhos de louça, estou juntando em garrafões. O atual mal consegue ser tirado do chão. Se você poupar R$ 10,00 por dia, nem vai sentir falta, mas vai notar uma enorme diferença no final de um ano”. E a diferença é grande mesmo: Julio paga o IPVA do carro e o Imposto de Renda só com essas economias.Comércio  O problema de tanta gente guardando moedas em casa é que elas se tornam escassas no comércio - e naõ faltam estabelecimentos que apelam para ofertas e presentes para clientes que aparecerem com ela, dispostos a trocá-las por notas. Uma loja de cosméticos na Avenida Campos Sales, no Centro de Campinas, por exemplo, costuma dar brindes para os clientes que levarem R$ 10,00 em moedas de 5 e de 10 centavos - as que mais fazem falta na hora de dar um troco em um dos 11 caixas. E troco, ao contrário do que muita gente pensa, ainda é muito necessário. Apesar do grande uso dos cartões de débito e crédito, 96% dos entrevistados na pesquisa do BC afirmaram que também usam dinheiro em espécie para pagar suas compras, especialmente as de menor valor.

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