FEBRE AMARELA

Governo negocia importação de vacina

Diante do pedido de reforço de doses por São Paulo e Rio, a pasta iniciou tratativas com produtores internacionais sobre preços, doses disponíveis e cronograma para entrega

Estadão Conteudo
Estadão Conteúdo
29/03/2017 às 22:49.
Atualizado em 22/04/2022 às 19:51
Carla Domingues, coordenadora do Programa Nacional de Imunização: País vive uma nova realidade (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Carla Domingues, coordenadora do Programa Nacional de Imunização: País vive uma nova realidade (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O Ministério da Saúde está negociando a importação de vacina contra febre amarela. Diante do pedido de reforço de doses por São Paulo e Rio, a pasta iniciou tratativas com produtores internacionais sobre preços, doses disponíveis e cronograma para entrega. “Não há uma compra fechada. Estamos fazendo pesquisas”, disse o ministro da Saúde, Ricardo Barros. Ele admitiu, no entanto, que o cenário atual é bem distinto do apresentado há dois meses, quando as suspeitas estavam restritas a Minas Gerais e Espírito Santo. O reforço nos estoques começou há duas semanas, quando o governo solicitou ao Grupo de Coordenação Internacional (GCI) — organismo que reúne Cruz Vermelha, Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), Unicef e Médicos sem Fronteiras — 3,5 milhões de doses do imunizante. Houve ainda a decisão de se suspender a exportação de vacinas. O socorro do GCI representará custo a mais para o governo. A vacina deverá ser vendida e o preço padrão é de US$ 1,3 por dose Se esse preço for mantido, representará 40% a mais do que o da vacina brasileira, R$ 3,03 (conforme preços do fim do ano). Crianças O Ministério da Saúde também estuda a inclusão da vacina contra a febre amarela no calendário rotineiro de imunização das crianças de todas as regiões do Brasil, não só das áreas consideradas endêmicas. A proposta é que já comece a valer a partir do ano que vem. As crianças receberiam duas doses — a primeira aos 9 meses e a segunda aos 4 anos. “Estamos estudando a possibilidade de introduzir a vacina. É preciso avaliar o risco-benefício. Você tem que colocar na balança qual o benefício de dar essa vacina (em áreas que não têm casos da doença). O benefício é que em longo prazo, em 20 anos, teremos toda a população do Brasil imunizada e não precisaremos fazer uma campanha. Vou vacinando gradativamente. Mas tem os riscos”, afirmou a coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde, Carla Domingues. A mudança no cenário da transmissão de febre amarela está entre os fatores que os técnicos da pasta avaliam. “Não havia transmissão da doença no Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo. Com idas e vindas da população o tempo todo, a pessoa que mora no Rio Grande do Norte (um dos Estados que não têm transmissão da doença) pode vir trabalhar no Rio ou em São Paulo; traz o filho pequeno. Há cinco anos, o cenário era outro. Temos que nos adaptar a esse outro cenário.” O ministério avalia ainda os riscos da vacinação em massa. Os efeitos adversos da vacina, quando ela induz uma resposta excessiva do organismo e acaba levando ao desenvolvimento da febre amarela, ocorrem na proporção de um para 3 milhões de doses nos períodos de vacinação rotineira. Quando há um surto e a imunização é ampliada, essa proporção chega a um caso a cada 500 mil vacinados, explicou Carla. Hoje, há 3.529 municípios com recomendação de imunizar a população contra a febre amarela — nesses, já funciona o esquema de vacinar crianças aos 9 meses e 4 anos. Outros 113 foram incluídos como áreas de vacinação prioritária por causa da transmissão da doença. A estimativa do ministério é que ainda tenham de ser vacinados 25,5 milhões de pessoas com idades entre 15 e 59 anos. Espírito Santo Na última terça-feira, subiu para 37 o número de pessoas mortas por febre amarela no Espírito Santo. O último caso divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde foi de um homem de 65 anos, que morava na zona rural de Cariacica, na Grande Vitória. Este foi o primeiro caso confirmado em uma região metropolitana. A pasta preferiu não divulgar a identidade da vítima. Além disso, outra morte suspeita, de uma mulher, é investigada. O caso deixou a população da região em pânico. Moradores acreditam que a doença tenha chegado até a região metropolitana, o que era temido pelas autoridades capixabas. Porém, a Saúde não informou o local exato onde o homem foi infectado.

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