O governo do Iêmen descreveu, neste domingo (12), como "manipulação" o anúncio da retirada dos rebeldes huthis de três portos, cruciais para a chegada de ajuda humanitária a este país em guerra
O governo do Iêmen descreveu, neste domingo (12), como "manipulação" o anúncio da retirada dos rebeldes huthis de três portos, cruciais para a chegada de ajuda humanitária a este país em guerra.No Twitter, o ministro da Informação do Iêmen, Muammar al-Iryani, voltou a questionar neste domingo a veracidade da retirada rebelde que, segundo os huthis, começou no sábado (11) no porto de Salif.Segundo o ministro, os rebeldes estão transferindo "o controle do porto para forças" que lhes são favoráveis. "Isso mostra que a manipulação continua" e que "há uma tentativa de evitar a implementação do acordo de paz" concluído no final de 2018 sob mediação da ONU na Suécia, acrescentou o ministro.No sábado, a ONU, que mantém um pequeno grupo de observadores na região de Hodeida, disse que uma operação de retirada havia começado."A ONU espera poder informar o Conselho de Segurança sobre os movimentos reais no terreno", declarou à AFP uma fonte da ONU, que pediu anonimato.Fontes próximas aos huthis garantiram que os rebeldes começaram a se retirar dos portos de Salif, Ras Isa e Hodeida, deixando em seu lugar a guarda costeira.Uma autoridade do governo havia descrito a iniciativa como uma "nova artimanha" dos rebeldes. Para Hassan al-Taher, governador da província de Hodeida, nos portos mencionados os combatentes huthis agem como se estivessem recuando, mas, de fato, estão transferindo a autoridade das instalações para as forças de segurança que lhes são favoráveis, ou seja, "para si mesmos"."Não há vigilância por parte da ONU e do governo" em face desta retirada, acrescentou Taher, que acusou o mediador da ONU, Martin Griffiths, de colaborar com os rebeldes.Esta retirada militar dos beligerantes em Hodeida foi prevista no acordo alcançado na Suécia entre as partes em conflito no Iêmen.Hodeida é a principal porta de entrada para importações e ajuda humanitária ao Iêmen, vital para milhões de pessoas à beira da fome.A guerra no Iêmen opõe as forças do governo, apoiadas militarmente pela Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, aos rebeldes huthis, que têm o apoio do Irã e que controlam grandes áreas do oeste e norte do país, incluindo a capital Sanaa.A coalizão liderada pela Arábia Saudita intervém no Iêmen desde março de 2015 para neutralizar o avanço dos rebeldes e restaurar o poder do presidente Abd Rabbo Mansur Hadi. Desde 2015, o conflito deixou dezenas de milhares de mortos, a maioria civis, segundo uma avaliação parcial da Organização Mundial da Saúde (OMS).Cerca de 3,3 milhões de pessoas ainda estão desalojadas e 24,1 milhões, o que representa mais de dois terços da população, precisam de assistência, segundo a ONU, que denuncia ser a pior crise humanitária do mundo.dm/ras/mdz/me/pc/mr