Uma centena de funcionários do Google exigiu publicamente nesta terça-feira (27) à companhia para abandonar um projeto de motor de busca na China que cumpra com os requisitos de censura exigidos por Pequim aos seus internautas
Uma centena de funcionários do Google exigiu publicamente nesta terça-feira (27) à companhia para abandonar um projeto de motor de busca na China que cumpra com os requisitos de censura exigidos por Pequim aos seus internautas.O projeto é conhecido como "Dragonfly". Sua existência foi reconhecida em outubro pelo diretor-executivo do Google, Sundar Pichai, que a justificou argumentando que era melhor oferecer um poderoso motor de busca com restrições a deixar os chineses com ferramentas mais deficientes."Nossa oposição ao Dragonfly não tem nada a ver com a China", diz uma carta assinada por 90 funcionários e que exorta seus colegas a aderirem. "Nos opomos às tecnologias que ajudam os poderosos a oprimir os mais vulneráveis em qualquer lugar". "O Dragonfly na China criaria um precedente perigoso em um momento de incerteza política, um precedente que impediria o Google de se negar a concessões similares para outros países", acrescenta a carta.Várias organizações também denunciam o projeto, incluindo Human Rights Watch, Repórteres sem Fronteiras e Anistia Internacional, que lançou uma petição on-line exigindo que seja deixado de lado. "É um momento crucial para a Google", considerou Joe Westby, pesquisador de Tecnologia e Direitos Humanos da Anistia Internacional, em um artigo publicado nesta terça-feira no site da organização. "Como o principal motor de busca do mundo, deveria lutar por uma Internet onde a informação seja de livre acesso para todos ao invés de apoiar a sombria alternativa do governo chinês", assinalou.Durante uma conferência no mês passado em San Francisco, Sundar Pichai disse que a Google deveria "refletir muito seriamente" sobre o mercado chinês, apesar das críticas sobre a eventual cumplicidade da companhia com a censura de Estado na China. "Sempre levamos em conta uma série de valores", explicou. "E também devemos respeitar a lei que se aplica em cada país"."Trata-se de que nós poderíamos responder a mais de 99% das buscas (...) Existem muitos casos nos quais fornecemos informações da melhor qualidade do que as disponíveis atualmente", acrescentou.A Google fechou seu mecanismo de busca na China em 2010, depois de se recusar a cumprir com a exigência de Pequim de censurar alguns resultados de busca.Twitter, Facebook, YouTube e o site do New York Times estão bloqueados na China, enquanto o motor de busca da Microsoft, o Bing, funciona.GOOGLE