INTERNACIONAL

Francisco faz primeira visita de um papa à Península Arábica

O Papa Francisco começa sua visita aos Emirados Árabes Unidos no domingo, a primeira na história de um pontífice na Península Arábica, com o objetivo de fortalecer os laços com o Islã

AFP
01/02/2019 às 09:50.
Atualizado em 05/04/2022 às 10:18

O Papa Francisco começa sua visita aos Emirados Árabes Unidos no domingo, a primeira na história de um pontífice na Península Arábica, com o objetivo de fortalecer os laços com o Islã."Esta visita não poderia ser mais oportuna", declarou o arcebispo Paul Hinder, bispo do Vicariato Apostólico do Sul da Arábia, que inclui os Emirados Árabes Unidos, Omã e Iêmen."Estou feliz de escrever em vossa querida terra uma nova página nas relações entre as religiões, confirmando que somos irmãos, apesar de diferentes", afirmou o pontífice em uma mensagem em vídeo à população dos Emirados.Francisco chegará a Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos, para uma estada até terça-feira, na qual participará de um encontro inter-religioso e se reunirá com o imã sunita de Al Azhar, xeque Ahmed al Tayeb, a quem já visitou no Egito, em 2017, e define como "amigo e irmão querido".Para Francisco, a organização desse encontro inter-religioso reflete "a coragem e a disposição de afirmar que a fé em Deus une e não divide, apesar das diferenças, longe da hostilidade e da aversão".Defensor do diálogo com outras denominações cristãs e outras religiões e das visitas à "periferia", o pontífice argentino já viajou várias vezes aos países muçulmanos: ao Oriente Médio e à Turquia, em 2014; ao Azerbaijão, em 2016; e ao Egito, em 2017.O príncipe herdeiro de Abu Dhabi, Mohamed bin Zayed Al Nahyan, elogiou seu convidado como "um homem de paz e amor", expressando sua esperança de que "as futuras gerações prosperarão em paz e segurança".O sumo pontífice também afirmou que o país que vai visitar é "uma terra que tenta ser um modelo de convivência, de fraternidade humana e de encontro através de diversas civilizações e culturas, onde muitos encontram um lugar seguro para trabalhar e viver livremente no respeito da diversidade".- Controle religioso -Ao contrário de seu vizinho saudita, que proíbe a prática de outras religiões além do islamismo, os Emirados Árabes Unidos querem projetar uma imagem de um país tolerante. Entre sua população, 90% estrangeira, há muitos cristãos, especialmente trabalhadores indianos e filipinos.Nessa linha, os Emirados, que se orgulham de ter um ministro da Tolerância, declararam 2019 o "Ano da Tolerância".Há cerca de um milhão de católicos neste país, adeptos de um Islã bastante moderado, cuja sociedade é bastante aberta ao mundo exterior.Ainda assim, as autoridades controlam as práticas religiosas e reprimem a contestação política, ou a exploração da religião, até mesmo pelos islamistas."Nós não controlamos as orações na sexta-feira, mas as regulamos para o bem comum, para evitar a disseminação do discurso de ódio, como vimos em muitos países, inclusive na Europa", explicou um líder dos Emirados à AFP.No último dia de sua visita, terça-feira, o papa Francisco celebrará uma missa, da qual mais de 130.000 pessoas participarão. Será o maior ato religioso já vivenciado pelo país, segundo a mídia local.Os católicos que compareceram a uma missa ao ar livre na quarta-feira em Dubai fizeram fila por horas na St. Mary's Catholic Church para conseguir ingressos para essa grande missa no estádio Zayed Sports City, em Abu Dhabi.As paróquias de todo o país receberam um pacote de ingressos, 41 mil no caso de Santa Maria, segundo o padre Lennie Connully.- "Segunda oportunidade" -Mais de 2.000 ônibus transportarão os fiéis de todo país até Abu Dhabi, segundo a imprensa local.Para a filipina Mylene Lao Estipona, de 43 anos, recuperada de um câncer e que vive no país há 13 anos, a viagem de Dubai a Abu Dhabi e as longas filas para ver o papa são um preço pequeno a pagar para realizar o sonho de sua vida.Mylene disse que sua fé deu a ela "uma segunda chance" e a força para superar sua doença.Francisco, que em 2013 se tornou o primeiro papa latino-americano da história, é frequentemente descrito como "o papa do povo"."A cultura latina é uma cultura exuberante, uma cultura extrovertida, muito diferente da cultura europeia", declarou o padre Connully com um sorriso."Os latinos são muito diferentes, muito agradáveis, fazem amigos facilmente. Tudo isso é visto no Papa Francisco", concluiu.dm/ras/all/al/es/cn/tt

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