pró-democracia

Força Nacional pode agir em protestos

O presidente Jair Bolsonaro defendeu ontem o uso da Força Nacional de Segurança nas manifestações contra o governo previstas para este domingo

Estadão Conteudo
Estadão Conteúdo
05/06/2020 às 08:01.
Atualizado em 29/03/2022 às 10:17

O presidente Jair Bolsonaro defendeu ontem o uso da Força Nacional de Segurança nas manifestações contra o governo previstas para este domingo. Em live divulgada em redes sociais, ele afirmou que a intenção é evitar o depredamento de patrimônio público. A adoção da medida poderá ser decidida hoje em reuniões que ocorrerão na Secretaria de Segurança do Distrito Federal. O governo avalia montar um esquema de segurança para as manifestações deste fim de semana. O governo federal teme que manifestações de rua em defesa da democracia e contra o governo federal cresçam e se tornem atos pró-impeachment do presidente Jair Bolsonaro. O governo está preocupado com aqueles que poderão ser grandes protestos contra Bolsonaro, em São Paulo, Rio e Brasília no domingo. Isso está levando o presidente a avaliar se convocará a Força Nacional de Segurança. Após a escalada de tensão dos últimos dias, ontem o presidente chamou os integrantes de grupos que pretendem ir às ruas no domingo de "marginais" e "viciados" e pediu que seus apoiadores não participem dos atos. "Não compareçam a esse movimento que esse pessoal não tem nada a oferecer para nós. Muitos são viciados. Eles querem o tumulto. Domingo, ninguém comparece. É um pedido meu. Os 'antifas', novo nome dos black blocs, querem roubar sua liberdade", disse o presidente ao se referir aos grupos que foram as ruas na crise que culminou no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). O presidente também solicitou que pais não deixem os filhos irem. Segundo Bolsonaro, "não é liberdade de expressão, é quebra-quebra. Não é porque tem uma faixa escrito 'democracia' que os caras estão defendendo a democracia." "Eu não estou torcendo para ter quebra-quebra, mas a história nos diz que esses marginais de preto que vão com soco inglês, punhal, barras de ferro e ,coquetéis molotov. Geralmente, apedrejam bancos, queimam estações de trem e outras coisas mais", disse o presidente. E complementou que está avaliando o uso da Força Nacional de Segurança para atuar durante as manifestações. Os novos atos estão sendo chamados por grupos ligados a torcidas de futebol, agora engrossados pela Frente Povo sem Medo, organização que reúne movimentos sociais, centrais sindicais e partidos de esquerda. Em São Paulo, as manifestações estão agendadas para a Avenida Paulista. O governo estadual proibiu atos rivais (contra e a favor de Bolsonaro) simultâneos na capital. Há manifestações agendadas no Rio, Salvador, Belo Horizonte e outras cidades. Na prática, a principal pauta dos bolsonaristas é a criminalização dos protestos de rua. Além disso, há na cúpula do governo a avaliação de que os fatos recentes que desgastam o Planalto — principalmente os relacionados a inquéritos que tramitam no Supremo Tribunal Federal — podem reforçar a defesa do afastamento do presidente. Senadores são contrários Uma carta assinada por líderes de oposição no Senado ontem pede à população que não compareça às manifestações convocadas para o próximo domingo contra o governo. Eles alegam como motivo a pandemia do novo coronavírus, que já matou mais de 32,5 mil pessoas no Brasil. A nota publicada tem o apoio de representantes dos partidos Rede Sustentabilidade, PSB, PT, PDT, Cidadania, e do líder do PSD na Casa, Otto Alencar, cuja legenda não faz oposição ao governo de Jair Bolsonaro, mas tem oposicionistas na liderança e vice-liderança no Senado. Crescimento do movimento Levantamento da empresa AP Exata mostra que há nas redes sociais uma tendência de crescimento das manifestações anti-Bolsonaro, com argumentos de defesa da democracia. De acordo com a pesquisa, recentes mensagens postadas por seguidores do presidente acham que a mídia e a esquerda buscam estimular os protestos para derrubar o presidente. Os próximos atos de rua também devem incorporar a pauta antirracista.

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