INTERNACIONAL

Fiat retira oferta de fusão com a Renault e alega falta de "condições políticas"

O grupo ítalo-americano Fiat Chrysler (FCA) retirou na quarta-feira à noite a proposta de fusão com a Renault, negócio que teria criado a terceira maior montadora de automóveis do planeta, após a falta de resposta do grupo francês

AFP
06/06/2019 às 06:20.
Atualizado em 31/03/2022 às 00:37

O grupo ítalo-americano Fiat Chrysler (FCA) retirou na quarta-feira à noite a proposta de fusão com a Renault, negócio que teria criado a terceira maior montadora de automóveis do planeta, após a falta de resposta do grupo francês.Em um comunicado, o grupo FCA anunciou a retirada da proposta da mesa de negociações e alegou que não havia condições políticas para um acordo, em uma referência à demora provocada pelo Estado francês, acionista da Renault.O Estado trabalhou de "maneira construtiva" no projeto, respondeu o ministro da Economia da França, Bruno Le Maire."Desde que a oferta foi apresentada, o Estado, dono de 15,1% do capital da Renault, a recebeu com abertura e trabalhou de maneira construtiva com o conjunto das partes envolvida", declarou Le Maire em um comunicado, no qual destaca que um acordo havia sido alcançado sobre três dos quatro grandes temas em negociação.A Fiat Chrysler afirmou, também em um comunicado, que "permanece firmemente convencida" do interesse da oferta, mas "as condições políticas não existem atualmente na França para levar o acordo adiante".Algumas horas antes, a Renault informou que o Conselho Administrativo, reunido pelo segundo dia consecutivo para estudar a proposta, não adotou uma decisão a pedido do Estado francês.De acordo com várias fontes, o ministro Le Maire indicou que deseja uma reunião com o Conselho na próxima terça-feira, após uma viagem ao Japão no fim de semana.Le Maire, segundo a versão, desejava discutir o tema com o ministro japonês da Economia.O governo francês já havia alertado sobre os riscos de uma "precipitação" a respeito da fusão.Durante a reunião do Conselho Administrativo da Renault na quarta-feira, os conselheiros eram favoráveis ao início das negociações, com exceção do representante dos sindicatos franceses e os dois representantes da Nissan, que optaram pela abstenção, informou à AFP uma fonte próxima às conversações.Os dois delegados da Nissan pediram para registrar em ata que poderiam ter votado a favor da proposta da FCA "se tivessem um pouco mais de tempo".Após o anúncio da retirada da oferta, as ações da Renault operavam em forte queda na Bolsa de Paris, mesma situação registrada pelos títulos da Fiat Chrysler (FCA) em Milão.Na terça-feira, o Conselho da Renault divulgou uma nota na qual reafirmava o "interesse" na proposta que a FCA apresentara em 27 de maio.O projeto afirmava que o novo grupo pertenceria em 50% aos acionistas do grupo ítalo-americano e em 50% aos acionistas da Renault. As ações teriam cotação em Nova York e Milão.A Fiat-Chrysler destacou que a fusão criaria o terceiro maio grupo automobilístico do mundo, com vendas anuais de 8,7 milhões de veículos e "uma forte presença em regiões e segmentos chaves".Mas a negociação esbarrou em uma dificuldade que as partes não conseguiram superar: a relação tensa entre França e Japão desde a prisão em Tóquio, em novembro, do executivo Carlos Ghosn, ex-CEO da aliança Renault-Nissan.O executivo foi preso após denúncias, apresentadas pela Nissan, de declarações falsas nos relatórios financeiros da montadora.aro/ef/sma/ahg/zm/fp

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