INTERNACIONAL

Familiares de vítimas marcharão em protesto contra indulto a Fujimori

Familiares das vítimas da repressão sob o regime de Alberto Fujimori, organizações políticas e de direitos humanos se mobilizaram nesta quarta-feira para pedir a anulação do indulto ao ex-presidente peruano concedido pelo presidente Pedro Pablo Kuczynski na véspera do Natal

Estadão Conteúdo
27/12/2017 às 14:50.
Atualizado em 22/04/2022 às 11:02

Familiares das vítimas da repressão sob o regime de Alberto Fujimori, organizações políticas e de direitos humanos se mobilizaram nesta quarta-feira para pedir a anulação do indulto ao ex-presidente peruano concedido pelo presidente Pedro Pablo Kuczynski na véspera do Natal."É a segunda vez que confiei em um presidente e que ele me decepcionou", disse com pesar à AFP Rosa Rojas, que perdeu seu marido e seu filho de 8 anos na chacina de Barrios Altos, em Lima, executada por um esquadrão militar em 3 de novembro de 1991.Vários grupos políticos e de vítimas do governo de Fujimori (1990-2000) convocaram uma marcha para esta quinta-feira em Lima, enquanto uma organização peruana disse que vai pedir a intervenção da Corte Interamericana de Direitos Humanos, com sede em San José. "Acreditamos que é um indulto ilegal, porque não reúne as condições que a própria lei peruana estabelece para conceder indulto", declarou à AFP Gisela Ortiz, irmã de um dos nove estudantes que, com um professor, foram sequestrados por um esquadrão militar da Universidade La Cantuta e assassinados em uma zona rural perto de Lima, em 18 de julho de 1992. Fujimori, de 79 anos, está internado em uma clínica desde sábado por problemas circulatórios, foi condenado no fim de 2007 a 25 anos de prisão pelos massacres de Barrios Altos e La Cantuta, além dos sequestros de um jornalista e um empresário em 1992.Formalmente, ele já cumpriu 12 anos de pena, pois a Justiça também considera o período que passou em prisão domiciliar no Chile, antes de ser extraditado para o Peru. O ex-presidente ainda chegou a ser condenado por corrupção, mas a sentença não se soma aos 25 anos da maior pena, segundo a legislação peruana. Fujimori recebeu, no domingo, o indulto de Kuczynski, citando causas humanitárias devido aos seus problemas de saúde. Contudo, muito peruanos veem a decisão como resultado de uma negociação política, que teria permitido ao presidente salvar seu mandato no Congresso na semana passada, após ter mentido sobre seus vínculos com a empreiteira brasileira Odebrecht. A abstenção de 10 legisladores do Força Popular, incluindo Kenji Fujimori, filho caçula do ex-presidente, foi crucial para o fracasso do impeachment, impulsionado pelo partido Força Popular, liderado por Keiko Fujimori, filha do ex-mandatário.- 'Votei e acreditei em Kuczynski' -O indulto desatou uma nova crise política contra Kuckynski, com críticas de organizações internacionais e de familiares das vítimas, além da saída de três deputados do do partido governista. Na terça-feira, Fujimori pediu desculpas pelos atos de seu governo. "Estou consciente de que os resultados durante meu governo por um lado foram bem recebidos, mas reconheço que também decepcionei outros compatriotas. A eles, peço perdão de todo meu coração", disse o ex-presidente em um vídeo divulgado pelo Facebook. O indulto foi duramente criticado pelo escritório do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos e pela organização Human Rights Watch, entre outras. Alguns parentes das vítimas lamentaram ter votado em Kuckzynski, que derrotou Keiko Fujimori no segundo turno, capitalizando o voto antifujimorista."Eu votei nele no primeiro e de no segundo turno. E acreditei nele", lamentou Rosa Rojas, de 52 anos, que ainda chora a morte do filho e do marido. fj/cm/ja/ll

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